Comecei um mochilão depois dos 50 e foi uma linda forma de me reinventar

Meu nome é Paula, tenho 56 anos, 3 filhos, R$600 no bolso, 23 estados brasileiros visitados, 2 anos de estrada e vou contar como a Worldpackers me ajudou a começar uma nova aventura!

Paula

Oct 16, 2022

3min

viajar depois dos cinquenta

Chega um dia na vida que ficamos com o ninho vazio, aquele momento que a vida muda de rumo. Na minha faixa etária, muitas mulheres estão com os filhos saindo de casa para construir a sua história, muitas estão aposentadas e fazendo um balanço dessa idade de transição, onde vamos viver muito menos do que já vivemos.

Depressão ou tristeza é um quadro recorrente e se reinventar, refazer ou recomeçar para algumas é uma tarefa árdua.

Não queria fazer parte desse percentual e, acreditem, vocês não precisam fazer, basta arrumar a mochila. Quando menciono mochila é no sentido figurado, não se assuste e nem descarte possibilidades, pode ser mala, mala com rodinhas, pequenas ou grandes, o importante é revirar as gavetas, colocar algumas peças e seguir para uma nova aventura.

1. Como tudo começou


Paula trabalhava como palhaça em ONGs e hospitais

Em janeiro de 2017 fui desligada da ONG que prestava serviço, comecei a treinar pessoas para atuarem como palhaço em hospital, ministrava oficinas e alimentava o sonho de viajar. 

Em agosto chamei meus filhos para comer uma pizza e anunciei: vou fazer um mochilão pelo Brasil. Tive apoio total, o que traz a segurança da escolha certa no momento certo.

Tinha que ser o Brasil, queria primeiro conhecer nossa casa. Passei seis meses me preparando: fazendo roteiros, em contato com grupos de palhaços que atuam em hospital para oferecer oficinas, comprei mochila e roupas que facilitariam minha caminhada.

Como não sou aposentada, minha renda para esta viagem seria o aluguel do meu apartamento e as oficinas. Tudo preparado e nada do apartamento alugar, comecei a me preocupar e buscar o plano B.

Como viajante é um ser iluminado, descobri a Worldpackers um pouco antes de iniciar a viagem.

Fui a um encontro ministrado pela Gil Caresia na sede da Worldpackers e descobri que poderia trocar minha estadia por trabalho voluntário. Esse tipo de voluntariado chama Work Exchange, já ouviu falar? Eu logo entrei no site e fiz o cadastro para ser membro.

Na plataforma buscamos um local entre hostels, ONGs ou projetos ecológicos e na lista de opções podemos ver como contribuir, os dias livres, as refeições que são oferecidas e outros benefícios.

Os voluntários ajudam, na maioria das vezes, na recepção, limpeza, jardinagem, arte em paredes e pequenos reparos e, em troca, recebem dias livres, café da manhã, desconto em passeios, festas e a estadia no local escolhido.

2. A experiência


Amizades que Paula fez durante o mochilão

Neste período que viajei pelo Brasil fiquei em 13 hostels onde deixei amigos para toda vida. A primeira aplicação foi para um hostel em Belo Horizonte para ajudar na limpeza e organização. Achei que poderia não ser aceita, achava o ambiente de hostel jovens só para jovens. Para minha surpresa fui logo aceita e foi a primeira e mais incrível experiência.

Dormi em quarto compartilhado e fiz amizades com meninas que depois me receberam na sua casa quando passei pela sua cidade. Compartilhamos refeição, cada um coloca o que tem e quando sentamos a mesa temos um banquete. Não há diferença de idade, somos todos uma grande família e a tristeza é na hora da despedida.

Demorei para alugar meu apartamento e as oficinas foram possibilitando minha caminhada. Descobri que podemos viver com muito pouco e ser muito feliz, que as relações podem ser rápidas, mas intensas e verdadeiras. Viajantes encontram sempre pessoas prontas para auxiliar no que for preciso.

Descobri que quando estamos felizes a saúde espirra por todos lados. Saúde é uma preocupação na minha faixa etária, mas não ficamos sem atendimento em nenhum lugar e, como mencionei, quando estamos realizando sonhos, vivendo novas experiências e descobrindo habilidades que não imaginávamos que tínhamos, nosso corpo agradece.

Tenho hoje 13 novas famílias, pessoas que me receberam em seu hostel com todo carinho.

Se acabei minha viagem? Não, quero mais! Apesar dos 23 estados que rodei, ainda tem muito Brasil para ver, mas vou viver novas sensações.

Para o próximo ano sigo conhecendo outros países da América Latina. Estou me planejando, mas uma coisa é certa: Worldpackers vai comigo, vou conhecer muito hostel por onde passar. 

Nos encontramos neste mundão, arruma a mochila e vai!



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