Roteiro para conhecer Gibraltar no final de semana e gastando pouco

Saiba como é e o que fazer em Gibraltar, um pequeno território inglês no extremo sul da Europa que atrai visitantes pelas lindas praias e outras belezas naturais.

Estela

Abr 16, 2020

8min

Dicas para conhecer Gibraltar, pequeno território inglês

Na ponta mais meridional da Europa, dentro da península Ibérica, existe um pequeno território inglês, perfeito para quem gosta de natureza, trilhas, praias cavernas e museus. 

Gibraltar é uma região de apenas 6,8 km² de extensão, mas com muita história para contar, já que, desde o surgimento do homem de Neandertal até o tão discutido Brexit, tem sido palco de disputas pela sua conquista. 

A razão de tanto interesse nesse pequeno pedaço de terra é, principalmente, sua localização estratégica: no meio do mar mediterrâneo, conectado à Espanha e a apenas 14 km de distância da África. Para completar, grande parte do território é composto por uma pedra de 426 metros de altura que oferece uma vista bastante privilegiada em todas as direções.

Indo além de todas essas razões políticas e geográficas, Gibraltar tem muitos atrativos turísticos e merece ser visitado pelo menos uma vez na vida. Eu estive por lá no primeiro fim de semana de março e vivi tanta coisa bacana que não via a hora de compartilhar essa experiência por aqui. Espero que vocês gostem!


Gibraltar tem lindas praias para relaxar

Como ir a Gibraltar

Como na maioria dos lugares da Europa, é possível chegar até lá por terra, ar ou mar, tudo depende de qual será sua cidade de partida. O aeroporto só possui conexão direta com Londres, Manchester, Bristol e Tangier, portanto se você não estiver na Inglaterra ou Marrocos, é mais recomendado voar até Málaga, na Espanha, e seguir o trajeto de carro, ônibus ou trem. 

Esses dois últimos meios de transporte possuem uma rede bastante abrangente por todo o país e permitem que você vá até La Línea de La Concepción, cidade fronteiriça com Gibraltar, em algumas horas.  Chegando lá, basta cruzar a fronteira a pé e passar pela imigração sem grandes preocupações

Eu optei por ir de ônibus saindo de Madri e a viagem de ida e volta me custou 37 euros, sendo que cada trajeto demorou mais ou menos oito horas. Como a minha saída estava prevista para as 21h, fui dormindo durante quase todo o percurso e quando cheguei lá já estava pronta para começar minha aventura. 

A chegada

Cheguei em Gibraltar às 5h da manha e, ao contrário das minhas expectativas, não havia absolutamente nada aberto por lá a essas horas além do posto de imigração. Passar por lá foi super tranquilo, pois não havia nenhuma fila e o oficial só pediu para ver meu passaporte à distância, então em menos de 30 segundos eu já estava em terras inglesas. 

O único problema foi que realmente não havia nenhum lugar para ir onde eu pudesse me abrigar do vento frio, já que nem mesmo o aeroporto estava aberto. Por sorte, Gibraltar é super seguro e eu pude caminhar tranquilamente pelas ruas de madrugada. Decidi seguir em direção ao ponto mais extremo ao sul da península e assistir ao nascer do sol no mar. Foi uma caminhada de quase sete quilômetros, mas ver os primeiros raios de sol surgindo no horizonte e beijando a costa do Marrocos foi um dos espetáculos mais bonitos da minha vida.  O esforço definitivamente valeu a pena. 

Primeiro dia 

Depois que o dia amanheceu, tomei café da manha e saí para explorar a parte baixa de Gibraltar. É bem fácil circular por ali, já que existem diversas linhas de ônibus que cobrem toda a extensão do território e custam só 1,50 libras. Mas, se você também curte caminhar tanto quanto eu, recomendo recorrer tudo a pé e viver uma experiência diferente. 

Uma das coisas que eu achei mais interessante de lá, por exemplo, é que o aeroporto divide espaço com a avenida principal e é totalmente normal você ter que esperar um avião decolar bem na frente dos seus olhos para poder seguir caminho. 

O centro da cidade é super movimentado, com bastantes lojas de comércio e restaurantes que oferecem pratos ingleses típicos, como o famoso fish and chips e o English breakfast. O bacana de lá é que muitos produtos são vendidos sem impostos, o que barateia bastante as compras. 

Nessa área também se pode encontrar muitas atrações turísticas e históricas, como o Museu de Gibraltar, o Jardim Botânico, mesquitas, catedrais e até mesmo o cartório onde John Lennon e Yoko Ono se casaram. 

Como fazia bastante sol e uma temperatura bem agradável, passei grande parte do dia conhecendo as praias, que têm um mar lindo e bem tranquilo. A mais disputada é a Sandy Bay, considerada a mais bonita da região por ter águas claras e tão calmas que parecem uma piscina. 

No geral, meu dia foi relaxante e perfeito para repor as energias para o dia seguinte, que seria totalmente dedicado a explorar as trilhas do alto da pedra de Gibraltar. 

Se você tiver um pouquinho mais de dinheiro, recomendo um dos passeios de barco para ver baleias e golfinhos. Eles custam em torno de 30 libras, duram aproximadamente duas horas e têm saídas diárias do porto. 

Segundo dia

Com o sol brilhando muito e um céu sem nuvens, comecei meu domingo às 9h da manha, a caminho da entrada para o teleférico que leva até o alto da pedra. Também seria possível chegar lá a pé ou de carro por meio das ruas pavimentadas, mas eu preferi fazer o trajeto assim para desfrutar das vistas e economizar energia. Assim, o que seriam quatro quilômetros de estrada morro acima se tornaram um passeio de apenas seis minutos a bordo do teleférico. 

O topo da pedra é a parte mais impressionante e atrativa de Gibraltar, por isso eu optei por comprar o ticket que me dava acesso a absolutamente tudo que há lá em cima. No total, incluindo o teleférico, a visita me custou 25 libras e eu afirmo com toda a certeza de que valeu cada centavo. 


Mirante de Gibraltar 

Logo quando cheguei, já dei de cara com um grupo de macacos bastante grande passeando por aí. Eles estão espalhados por todo o trajeto e são muito acostumados com as centenas de pessoas que passam por ali diariamente, então é super fácil se aproximar. Ainda assim, é imprescindível ter cuidado com eles, já que esses macacos são animais selvagens e podem morder ou atacar caso se sintam ameaçados. 


Macacos de Gibraltar

Segui meu caminho em direção ao ponto mais alto da pedra. Há realmente muita coisa para ser vista nessa trilha, por isso decidi que o ideal seria começar do topo e ir descendo aos poucos, fazendo as paradas que me pareciam interessantes. 

Minha primeira visita foi ao Skywalk, uma passarela de vidro transparente de onde se pode ter uma vista panorâmica incrível. Essa é a forma mais segura e por isso a mais recomendável de avistar a Espanha e o Marrocos, mas confesso que é muito, muito fácil ir subindo em algumas trilhas alternativas por conta própria e chegar na beirada da pedra de verdade. Não faça isso, já que o risco de vida é altíssimo.

Minha segunda parada foi na Saint Michael's Cave, uma caverna descoberta há mais de 2000 anos e que é tao grande quanto o número de lendas que rodeiam sua existência. 

Desde os anos 60 a parte mais alta da caverna é utilizada como palco para espetáculos de balé, música e drama, por isso possui uma iluminação toda especial. A visita a esta área da Saint Michael's Cave está incluída no ticket geral e é bem rápida, mas se você deseja conhecer as câmaras mais profundas, é necessário fazer reserva e pagar mais 25 libras. O recorrido completo dura mais ou menos três horas e inclui descida de rapel, rastejamento e outras atividades físicas um pouquinho pesadas.


Cavernas das pedras de Gibraltar

O caminho depois da caverna continua em várias direções e depende do visitante decidir se quer conhecer tudo ou ir diretamente aos pontos de seu interesse. 

De uma forma ou de outra, o trajeto é muito bem sinalizado e há mapas por todas as partes. Eu escolhi fazer o recorrido completo, que inclui (além dos lugares que já citei) Ponte Windsor Suspension, Túneis do Grande Cerco, Exibição City Under Siege, Castelo Mouro, 100 Ton Gun e Túneis e Baterias da Segunda Guerra Mundial. 


Ponte Windsor Suspension

Como foram várias horas de passeio a partir daí e seria muita informação para compartilhar em um texto, vou pular os detalhes dos outros lugares e ir direto à visita aos Túneis do Grande Cerco, que são uma das principais atrações do lugar. 

A história desses túneis começa durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, quando os exércitos francês e espanhol aproveitaram que o Império Britânico estava vulnerável e decidiram invadir Gibraltar para tomá-lo de volta. Toda a península foi cercada por navios de combate que, durante quatro anos, atacaram fortemente os ingleses e bloquearam todos os acessos marítimos. 

Para defender-se, o exército britânico escavou um complexo de tuneis na enorme pedra com o intuito de movimentar-se de um lado a outro do território sem ser visto. Porém, em pouco tempo os soldados se deram conta de que as aberturas feitas para ventilação eram perfeitas para posicionar seus canhões e não demoraram muito a contra-atacar. 

Até hoje, esses túneis são reconhecidos como uma das obras mais brilhantes de resistência e o grande símbolo de que os britânicos sempre defenderão Gibraltar a todo custo.


Túneis construídos pelo exército inglês

Ao sair dos túneis, meu pedômetro contava mais de 17 mil passos e o sol já estava começando a baixar.  Assim, segui diretamente à última parada do dia: as ruínas do Castelo Mouro.

Muito antes de ser um território britânico, Gibraltar era de domínio do império árabe e levava o nome de Tarik Zeyad, em homenagem ao comandante que liderou a conquista das terras com um exército de mais de 12 mil pessoas no ano 711. 

Mais ou menos 300 anos depois, foi construído este castelo totalmente fortificado para defender a entrada de invasores à península ibérica. Infelizmente, hoje em dia resta apenas uma pequena torre e algumas ruínas do que um dia foi esse grande monumento. Mesmo assim, é bacana visitá-lo para sentir um gostinho da cultura árabe em meio a tantas marcas da cultura britânica.

Fim da viagem

O fim da trilha leva ao centro da cidade, novamente àquela rua principal cheia de lojas e restaurantes. Em menos de dez minutos de caminhada, já estava novamente na fronteira e pronta para passar pela imigração. 

Diferentemente da minha chegada, dessa vez tive que passar minha mochila pelo escâner e realmente entregar meus documentos. Mesmo assim, o processo foi igualmente rápido e em poucos minutos eu já estava em terras espanholas outra vez, esperando para subir no ônibus que me levaria a Madri. 


Macaco de Gibraltar e vista da cidade ao fundo

E aí, ficou com vontade de conhecer esse lugar incrível? Se quiser saber mais sobre como chegar lá e o que visitar, mande suas perguntas nos comentários!



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