Como a depressão me levou para uma ecovila em Baependi, Minas Gerais
Minha experiência com a Worldpackers não curou as dores que me cercavam, mas trouxe um pouco de luz aos meus dias sombrios.
4min
O meu ano de 2018 começou confuso, cheio de incertezas e carregado de desânimo. Eu passava por uma depressão amena, mas sentia que a qualquer momento poderia explodir, feito uma panela de pressão.
Foi nessa época que eu conheci a Worldpackers e percebi que precisava viver algo novo. Após meses de anedonia, eu finalmente estava experimentando um pouco de entusiasmo.
Na hora de escolher o destino, Minas Gerais me surpreendeu com a ecovila Vrinda Bhumi. Não tive dúvida, aquele era o lugar pra mim.
1. Viajando com o Id Jovem
Eu não tinha dinheiro para as passagens de ônibus, muito menos para viajar de avião. Por sorte, um amigo me falou sobre o Id Jovem (benefício do governo federal que permite realizar viagens interestaduais de ônibus gratuitamente).
Após retirar minha carteirinha de beneficiário, corri para o Terminal Rodoviário do Tietê e emiti as passagens para Minas Gerais pagando apenas uma taxa de R$ 8.
2. Primeira parada: Caxambu
Chegar em Vrinda Bhumi não é tão fácil. Saindo de São Paulo, a primeira parada é em Caxambu. A cidade tem atrativos muito interessantes, como o Parque das Águas, lugar conhecido por suas fontes de águas minerais e medicinais.
Lá encontrei uma pousada bem simples para pernoitar. Na manhã do dia seguinte, conheci um pouco a cidade e parti para o segundo destino.
3. Segunda parada: Baependi
É muito importante chegar em Baependi antes das 15h, pois nesse horário sai o ônibus com destino ao bairro Piracicaba (não é possível ir andando, eu acho).
Como cheguei antes do meio-dia, aproveitei para almoçar, tomar um sorvete e bater perna. No horário marcado, segui rumo ao destino final (ou quase).
Ah! O ônibus é uma aventura a parte e o trajeto pode ser bastante cansativo. Confesso que em alguns momentos pensei “acho que estou me metendo numa enrascada”, mas eu sabia que a depressão daria seus sinais a qualquer momento, então apenas fui com depressão mesmo.
4. Terceira parada: Piracicaba
O bairro Piracicaba pertence ao município de Baependi e o percurso durou aproximadamente uma hora. Ao chegar lá existem duas opções: encontrar uma carona (um dos moradores oferece esse serviço) ou seguir a pé pelos quase 8km de estrada até a ecovila. Eu encarei o ramal, a chuva que ameaçava cair e os bois que passavam livremente pelo caminho de barri. No meio do trajeto, eu ganhei uma carona inesperada. Ufa!
5. O Vrinda Bhumi
O lugar é lindo e aconchegante, mas não oferece muito conforto. Fui recebido pelo administrador da ecovila e logo conheci meu cantinho de dormir.
Os dormitórios são rústicos e não existem camas. Como fui orientado a levar saco de dormir, mas como não dei muita atenção a essa instrução, eu me virei do jeito que pude. Na primeira noite, quase não consegui pegar no sono e acordei às 6 horas sentindo as costas muito doloridas. Ok, faz parte da experiência. Eu não queria viver algo novo?
As refeições são vegetarianas e absurdamente gostosas. Tive sorte de chegar num dia de celebração. A prasada (nome dado ao alimento santificado oferecido a Krishna) possui temperos marcantes e bastante saborosos. Toda a cerimônia é muito bonita: moradores e hóspedes se encontram no mesmo ambiente, formando uma roda, entoando cânticos e oferecendo a refeição a Krishna.
Enquanto comem, todos conversam livremente e se divertem. Na época eu ainda não era vegetariano estrito, mas adorei cada prato. Acho que ali me tornei um pouco mais consciente.
O trabalho voluntário é braçal e super gratificante. Era a primeira vez que eu trabalhava com permacultura. No começo, estranhei o contato tão próximo com terra, barro e cocô de gado. O cheiro me embrulhou o estômago algumas vezes, mas eu fingia que tudo estava sob controle. Depois da primeira hora, minhas mãos já sabiam o que fazer.
Experimentei um cansaço físico interessante. De alguma forma, meu corpo doía, mas eu me sentia bem. Era a conexão com a natureza fazendo seu trabalho.
Agora preciso fazer uma confissão, ok?
No segundo dia, eu pensei em desistir. Queria ir embora. Bateu uma ansiedade repentina, um medo inexplicável e uma sensação de aprisionamento. Na minha cabeça, algo horrível poderia acontecer. Mas aguentei até o dia seguinte. E valeu a pena!
Quer saber? Foi uma experiência incrível. Pratiquei yôga, tomei muuuuito banho de cachoeira, conheci pessoas maravilhosas e me alimentei muito bem.
O medo me rondou o tempo todo, mas eu aceitei sua presença e aproveitei a experiência. Foram cinco dias desafiadores, que me tiraram da zona de conforto e me renovaram as energias.
Posso dizer que a depressão me levou até Vrinda Bhumi, mas não me segurou pela mão no caminho de volta. Claro, eu não estava curado. A depressão tá sempre por perto. Mas algo diferente aconteceu. Acho que uma centelha se acendeu.
Essa primeira experiência com a Worldpackers iluminou meu caminho.
Milena
Fev 11, 2019
Excelente experiência
Eliane
Fev 13, 2019
Sei o que você passou. Tive uma experiência semelhante em Aragoiânia. Existe uma energia na terra que quando plantamos e/ou trabalhamos em prol de algo maior a nossa energia muda e as coisas que nos deixam angustiados perdem o sentido, pelo menos, naquele momento de contato com a terra.
Vanessa
Fev 26, 2019
Muito obrigada por compartilhar
Vanessa
Fev 26, 2019
Estou neste estado. Perdi meu pai recebtemente é tudo ficou cinZa
Bianca
Abr 24, 2019
Que massa esse relato Luan...
Gabriela
Ago 12, 2019
Que inspirador, Luan!
Obrigada por compartilhar com verdade sua experiência. Seu relato me encorajou a experimentar algo novo. Parabéns pela sua história.
Renata
Ago 20, 2019
Lindo depoimento ❣️Obrigada por compartilhar🙏✨
Igor
Set 21, 2019
Querido, muita força e Luz, continua procurando a luz que habita dentro e ti e quanto mais se aproximar dela, mais os medos e incertezas se tornarão mais puires, fica com Deus
Mariana
Jan 29, 2020
Que texto lindo Luan! Estou escrevendo um texto aqui para o portal e vou linkar com certeza. Espero que sua experiência toque cada vez mais pessoas.
A cura está na floresta! GRATIDÃO
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Fev 16, 2020
Luan, eu gosto de contar meu testemunho com a depressão. Minha primeira depressão eu tive 15 anos, e não estava tendo tratamentos no qual tentei o suicídio Cheguei no hospital eu não tinha reação nenhuma, tive uma parada cardíaca, a minha 2 parada eu fui dada como morta. Eu fui um milagre que médicos nenhum acreditou como eu voltei sendo eu fui dada como morta. Não tive sequelas nenhuma. O medico falava para meus pais que eu precisava de terapias que eu deveria procurar uma psicóloga, e nunca procurei até então que minha família não acreditava que terapias ajudam muito.
Vou resumir tudo, fui curada da depressão sem tomar remédios, apenas com a dança que eu amo dança e por eu estar no meio das crianças quando fiz um trabalho na África do Sul, as crianças que são abusadas e tem HIV, elas me curaram da depressão ao ver a alegria delas mesmo tendo HIV, mesmo sendo abusadas, eram felizes. Isso me ajudou muito ser curada e nunca mais tive depressões .
Pedro
Abr 29, 2020
Que experiência massa!
Eduardo Castro
Set 10, 2020
Tive uma experiência parecida com a sua. Fevereiro de 2019 em vrinda bhumi. Dois dias antes de comprar a passagem entrei em depressão profunda, fiquei de cama. Acredito ter sido pelo medo de não ir, pois sempre vivi uma vida cercada de insegurança e medo. Dessa vez eu precisei ir. Como diz a música: " ir como se ir fosse necessário para voltar "
Fui. Hoje me sinto mais seguro para dar vazão aos meus instintos, e consequentemente me conhecer melhor. Vrinda bhumi me ajudou nisso.
Não vejo a hora de voltar e ter novamente uma linda vivência.
Thaynara
Jan 05, 2021
que lindo Luan, desejo muito amor e luz na sua caminhada. <3