Como o voluntariado me auxiliou na luta contra a depressão

Após meses em depressão profunda procurando motivos para levantar da cama, encontrei minha cura: Worldpackers! Neste artigo irei contar um pouco sobre porque escolhi esta viagem e como o nomadismo digital mudou minha vida.

Pedro

Mar 21, 2022

5min

Pedro e esposa em viagem de voluntariado

Havia seis anos já que eu estava em Porto Alegre e acho importante ressaltar que sou de Santa Catarina, de uma cidade pequena de colonização italiana chamada Urussanga.

Por que é importante ressaltar isso? Digamos que o modo de vida do Rio Grande do Sul difere muito de como as pessoas vivem/agem em Santa Catarina, desde a índole das pessoas aos pequenos anseios e sonhos intrínsecos a cada ser.

Pouco tempo após me formar no ensino médio comecei uma intensa busca pela conquista de bens materiais, paralelamente à necessidade de trancar a faculdade (Farmácia /UFRGS) e alugar meu primeiro apartamento. Fui ganhando mais e mais dinheiro, construindo um legado que eu não tinha a menor idéia de que viria a se tornar minha maior ruína.

Aos poucos fui percebendo que havia perdido toda a inocência de minha infância, abandonado meus amigos, antigos costumes saudáveis e havia me jogado de cabeça na cidade cinza. Eis que a cidade grande me sufoca e me vejo sem vontade de acordar, levantar e, muitas vezes, respirar.

1. O que houve comigo?

Neste ponto da história eu já não tenho mais emprego, vivo em um apartamento frio e úmido na parte mais baixa de uma rua no sul de Porto Alegre, onde o sol não bate e o vento não sopra. Minha esposa já se encontra sem emprego também e, para não tornar este texto maçante, não vou nem citar todas as coisas que conquistei e posteriormente perdi por descaso, falta de vontade de acordar pelo turno da manhã e muitas dívidas acumuladas pela falta de emprego e falta de rendimento nos projetos autônomos. Neste momento aceito: estou em depressão!

Escrevo “em depressão” e não “com depressão” porque quando você se encontra assim você sente que você “é” a própria depressão e muitas vezes não consegue compreender/discernir que esta é SIM uma enfermidade psicológica e químico-enzimática e deve ser tratada com MUITA seriedade.

Depressão não é sentimentalismo ou pieguice! A depressão afeta 4,4% da população mundial e mata em média 1,5% dela por ano, afeta quase 6% dos brasileiros, sendo o Brasil o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo – segundo pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015.

Meu pai, que havia se tornado worldpacker há uns meses, viu que eu estava passando por momentos difíceis e me aconselhou a largar tudo e partir em viagem sem olhar para trás.

Sim, parece algo meio estranho de um pai dizer para o filho, mas levando em consideração que meu “irmãodrasto” (como chamo ele, carinhosamente, por ser meu meio-irmão) já era voluntário há quase um ano e estava tendo uma ótima experiência de vida, não era algo tão incerto assim.

Vendi minhas coisas, em geral supérfluos e o que não fosse possível carregar em uma mochila de 55 litros + mala de mão, e minha esposa fez a mesma coisa. Decidimos emergir dos vales e surfar nas cristas dessa nova onda chamada “nomadismo digital”!

2. Carpe diem – Viva o hoje

Como já citei anteriormente, meu meio-irmão foi o pioneiro da família a desbravar o país através da Worldpackers, o que encorajou meu pai, posteriormente minha madrasta e então eu e minha esposa. Sim, somos uma família de worldpackers! Legal né? Bom, eu acho incrível e fico muito feliz em fazer parte dessa história que vos conto!

Meu pai escolheu João Pessoa, capital da Paraíba, como destino de sua primeira viagem, onde voluntariou na Praia do Bessa. O “coroa” (meu pai tem 59 anos, então idade não é motivo para não viajar, hein!) já conhecia a cidade e ao confirmar que realmente era uma capital bacana para primeiras experiências, me indicou que fosse também para o mesmo local.

Eis que apliquei, juntamente com minha esposa, para a Praia de Manaíra, onde ficamos no Manaíra Hostel, da incrível anfitriã Renata.

Saímos do sul sem ter planos para depois de João Pessoa, o que também não era um problema já que em Porto Alegre o plano mais provável seria uma possível internação em alguma clínica psiquiátrica.

Tínhamos já vontade de conhecer alguns lugares fora do país, mas nesse momento que estamos na história achamos melhor começar com calma, aos pouquinhos, até mesmo para não acabar tropeçando em possíveis obstáculos que poderiam surgir nesse novo estilo de vida.


Pedro e sua esposa em João Pessoa

3. A escolha do anfitrião

Renata não foi a primeira anfitriã a responder nossas aplicações, porém foi muito franca quanto às datas que seriam possíveis e respondeu dentro do prazo que esperávamos. Deu-nos abertura para que pudéssemos estender o prazo mínimo que ela pediu de quinze dias e acabamos marcando para 30 dias de voluntariado.

Ao conversar com Renata já pude perceber que estava lidando com uma pessoa responsável, empática e que certamente não nos deixaria na mão. Pelas fotos parecia ser uma pessoa bem sorridente e feliz. Digamos que eu estava procurando alguém que me contagiasse, já que, como sabem, estava num processo de cura para minha depressão, e olha... Acertamos em cheio!

As fotos do Manaíra Hostel também nos chamaram muita atenção, pois dentre as possibilidades parecia ser um dos maiores e melhores, 100% organizado, de ótimo gosto, com piscina, café da manhã incluso, e super próximo do mar. Podíamos ver claramente o mar no final da rua e levávamos dois ou três minutos caminhando calmamente para chegar à areia.

4. Para obter sucesso na sua aplicação

Recomendo que você sempre invista o melhor de si na aplicação, afinal, ela é o primeiro contato com seu anfitrião e, dependendo de como você redigi-la, poderá também ser o último.

Através de sua aplicação o anfitrião poderá saber um pouco mais sobre você e analisar a possibilidade de lhe escolher ou não, então seja sincero sobre sua personalidade, tenha certeza que está disposto a doar-se para ajudar no que o anfitrião está pedindo na vaga e, acima de tudo, seja educado e compreensivo, pois muitas vezes o anfitrião estará ocupado com responsabilidades do hostel e pode ser que demore um pouquinho para responder. Ele está precisando de voluntários, então você deve presumir que ele possivelmente anda sobrecarregado com seu trabalho e/ou, talvez, sem tanto tempo para o aplicativo/site quanto você, não é mesmo? Planeje sua viagem com antecedência!

Enfim, recomendo a Renata como anfitriã de primeiras experiências e também para todo e qualquer worldpacker que busque alto-astral e uma pessoa de alegria contagiante! Renata é uma mulher que não se deixa abalar por qualquer coisinha não, e digo que foi para mim de extrema importância para que eu pudesse vencer a depressão e voltar a ter vontade de acordar cedo e agradecer por mais um dia de vida! É uma mulher forte e independente, responsável por 100% da gestão de não só um, mas dois hostels! Não é mole não, hein? Ôxe anfitriã arretada!




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