De Epidemia à Pandemia: o que os viajantes precisam saber sobre o Coronavírus
O Coronavírus gerou uma crise global e a resposta humana imediata é o pânico. No entanto, ficar desesperado não traz nada além de medo. Vamos superar juntos.
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A situação do Coronavírus na Europa
Em 8 de março, a Itália decretou medidas restritivas de aglomerações e deslocamento em toda a região da Lombardia, Vêneto e Emilia-Romagna. Um dia depois, a quarentena foi estendida para a Itália inteira, na intenção de conter a propagação do vírus e não saturar o sistema de saúde.
Como numa cascata, nos dois últimos dias, estas mesmas ações foram tomadas por mais governos europeus: eventos proibidos, aulas suspensas, voos cancelados e checagens nas fronteiras.
Somente aqui na Itália são 10.149 casos com 631 mortes, o que coloca o país como o terceiro mais afetado do mundo, só ficando atrás do Irã e China. A recomendação é: "Fique em casa". Para deixar o município somente com uma autocertificação para "provar as necessidades de trabalho ou emergências de saúde".
Principais países afetados pelo Coronavírus
Acontece que, a partir desta quarta-feira (11/03), o COVID-19 foi declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia. Mais de 110 mil pessoas foram infectadas e quase 4 mil morreram em todo o mundo.
Entram na lista com casos confirmados a China, Irã, Estados Unidos, Coréia do Sul, Japão e Cingapura. Os países da Europa mais afetados pelo declínio de turistas são Itália, Espanha, França e Alemanha.
Na América Latina, a presença do vírus foi confirmada oficialmente na Argentina, Brasil, Chile, Equador, Peru, México e República Dominicana.
O colapso no mercado financeiro a partir do COVID-19
Para agravar a situação, a economia global tem sido gravemente afetada pela disseminação do novo coronavírus, principalmente na Europa, e um dos setores mais atingidos é o da aviação. As companhias aéreas estão sofrendo com os pedidos de cancelamentos, devido ao medo que as pessoas têm de serem infectadas ao viajar.
As regras de companhias aéreas costumam não permitir alterações e cancelamentos gratuitos nas tarifas mais baratas. Porém, em situações especiais de crise, como essa, é comum que as empresas sejam mais flexíveis, especialmente para bilhetes comprados até o fim de janeiro ou começo de fevereiro, quando o surto começou a tomar maiores proporções.
É recomendado entrar em contato com a companhia aérea o quanto antes e estar atento às suas redes sociais porque as orientações são atualizadas conforme o avanço da doença. Confira as datas permitidas para trocas, cancelamentos e quanto aos países de destino afetados.
Segundo especialistas, este é o maior desastre da história do turismo. A situação é tão grave que as estimativas de perdas para o setor de turismo, como um todo, podem chegar a US$ 70 bilhões (R$ 324 bilhões). Estamos falando sobre a indústria do turismo, que tem sido um dos setores que mais crescem em todo o mundo nas últimas décadas.
Com tudo isso colapsando, os setores mais afetados foram companhias aéreas, hotéis e operadoras de turismo.
Segundo a BBC news, as bolsas mundiais sofreram um tremendo baque. Os investidores estão preocupados com o impacto do coronavírus ao redor do mundo e grandes mudanças nas bolsas de valores podem afetar investimentos de fundos de pensão e de poupanças individuais. A última semana de fevereiro registrou o pior desempenho do mercado desde a crise econômica de 2008, para se ter noção do colapso no mercado financeiro.
Precaução e cuidados durante a crise
Sabemos que a mudança de comportamento frente aos cuidados com a higiene são fundamentais para a não contaminação:
- Lavar as mãos frequentemente. Principalmente após assoar, espirrar, tossir ou contato direto com pessoas doentes.
O vírus é transmitido por via respiratória, através de pequenas gotículas do nariz ou da boca expelidas por tosse, espirros ou secreções de pessoas infectadas. Por isso, a OMS considera importante manter uma distância superior a um metro (ou seja, três pés) de uma pessoa doente e redobrar os cuidados com a higiene.
Para informações atualizadas o Ministerio da Saúde criou o Coronavírus - SUS, um app que visa conscientizar a população sobre o COVID-19.
Devo ou não cancelar minha viagem?
Essa pergunta está atormentando milhares de turistas que já tinham se programado para visitar a Europa. Muitos estão planejando e aguardando a tão sonhada férias há tempos.
Cancelar ou não cancelar era uma questão de opção individual até a semana passada.
O conselho para quem ainda não se decidiu é que confira sempre os informativos oficiais dos destinos, as orientações das cias aéreas e da ANVISA, para evitar desconforto durante a viagem ou preocupação com os riscos do coronavírus.
Se possível adie sua viagem, agora não é o momento perfeito para realizar passeios, até porque todas as atividades culturais estão canceladas até o início de abril.
Se já estou na Europa, devo retornar?
Se estiver ainda pela Europa e não tiver condições de retornar, fique onde está, esta é a melhor escolha.
Entretanto, as medidas preventivas na Europa toda estão mudando drasticamente a rotina de quem já está em viagem. O momento não é de pânico, mas de cuidado e responsabilidade, união e solidariedade. Estamos todos diante do mesmo desafio.
A minha perspectiva como viajante na Itália
Há pouco mais de 10 dias vim de Portugal para a Itália, onde eu realizaria um sonho: percorrer a região natal dos meus nonos.
Até que a proibição de locomoção deixou-me de mãos e pés atados. Aproveitando esta pausa, tive uma conversa bem informal com o administrador do hostel onde estou e pude ter uma visão mais intimista de como toda esta crise está afetando o setor hoteleiro.
Duilio está à frente deste hostel desde 2019. Ele morava em Buenos Aires, onde tem um albergue no bairro de Palermo, o Malevo Muraña Hostel, até que um dos sócios fundadores de Ostello Bello, que é um grande amigo dele, lhe ofereceu a administração de Assis Bevagna.
A rede Ostello Bello existe desde 2011, quando fundaram o primeiro albergue em Milão e em 2019 foi escolhida pela Hostelworld como a Melhor Cadeia de Albergues do Mundo. A rede é composta por:
- 4 hostels em Mianmar
- 2 hostels em Milão
- 1 em Como, Itália
- 1 em Bevagna, Itália
- 1 em Gênova
Espera-se que mais dois sejam inaugurados em 2020, em Florença e em Palermo (Sicília)
Acredito que o sucesso desta empresa seja o lema: esta casa não é um hotel! E este lema é levado bem a sério, mais parece uma casa, de tão à vontade que se fica aqui.
Estamos em um borgo medieval, na região da Úmbria, vizinhos das famosas Assis, Bevagna, Montefalco, Spoleto, todas cidades com muita história e lugares gastronômicos, pois estamos na Rota do Vinho Italiano, mais precisamente na Rota do Sagrantino.
É também uma importante região de produção de azeite. Muitas pessoas vêm exclusivamente para beber e comer.
A Torre del Colle é, na verdade, um ponto de encontro, com outras pessoas, encontro consigo mesmo, encontro com a espiritualidade e com a natureza.
Duilio diz que o mais impressionante aqui é ver a adaptação dos hóspedes à rotina do acordar com o cantar dos pássaros, ao silêncio e a contemplação da natureza, que mais parece uma pintura renascentista.
“ Isso é visível, essencialmente, naqueles que vêm das grandes cidades”, ele diz.
Em relação ao impacto econômico, trazido pelo surto do Coronavírus, ele afirma que será de curto prazo e bastante violento.
“A rede hoteleira é uma indústria com custos fixos muito altos. A suspensão do tráfego turístico acarreta em países,como a Itália, um enorme dano econômico. Estima-se que 35.000.000 de turistas a menos nesta temporada”.
E conclui, “O desafio é manter o nível alcançado ao longo de todos esses anos de trabalho e dedicação ao retornar à normalidade. Não desanimaremos e esperamos que tudo se resolva logo, da melhor maneira e com o menor número de afetados, o que é realmente a coisa mais importante.”
Camila
Mar 14, 2020
Ótimo texto Elceli! Também estou na Itália e neste período tem sido bem tenso acompanhar as notícias e aceitar as restrições.. mas vamos em frente! Manter nossa positividade e imunidade mais fortes do que nunca!
Jefferson Leandro
Mar 14, 2020
Obrigado pelo texto Elceli!
Estou com meu mochilão marcado para começar dia 25.03 por Portugal (viajarei por 6 meses) e a dúvida de viajar ou não.....não sai da minha cabeça.
Ainda não me decidi, mas acredito que irei, mesmo sabendo de todas as dificuldades que encontrarei (além das encontradas em se fazer um mochilão), por isso é tão importante textos como o seu....eles nos dão uma visão de quem está vivendo o voluntariado e sabe bem como é está realidade.
Mais uma vez, obrigado
first_name_2081272
Mar 15, 2020
As regras de companhias aéreas costumam não permitir alterações e cancelamentos gratuitos nas tarifas mais baratas. Porém, em situações especiais de crise, como essa, é comum que as empresas sejam mais flexíveis, especialmente para bilhetes comprados até o fim de janeiro ou começo de fevereiro, quando o surto começou a tomar maiores proporções.( INFORMAÇÕES DO PROCON DE SP E MPF: " O Procon, e o Ministério Público Federal dizem que os passageiros têm direito de alterar a passagem sem custo. Mas a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirma que o passageiro precisa seguir as regras tarifárias do momento da compra e negociar com as companhias. A crise já fez as empresas cancelarem diversos voos. Nesse caso, os passageiros podem remarcar a passagem para outra data ou solicitar o reembolso. Se a iniciativa de mudar a viagem for do passageiro, aí ele tem de negociar, avalia a Anac.... "
first_name_2081272
Mar 15, 2020
Eu estava com minhas passagens para dia 1-4 meu por conta que ia fazer escala em Milão foi cancelado e me deram 100 opções de voos, mas novamente será alterado, por conta dos paises da Europa que farei escalas e pelo meu destino final ser Munique. Eu pensei em mudar para metade de abril, apenas para passar um pouco tudo isso. Não fico preocupada por ser mais idosos afetados, e por eu ser uma pessoa eu não sou de sair. No caso do meu marido nós moramos na Alemanha, nossa cidade não foi afetada. Ele me informou todos os jogos, foi cancelados até semana que vêm. Agora como mudamos de cidade a outra cidade foi afetada.
Como eu preciso mesmo voltar em abril não tenho opções para mudar passagens. Por isso não pedi reembolso, porque preciso mesmo voltar.
Eleni
Mar 17, 2020
Triste né.
Cíntia
Mar 15, 2021
Eu amei tudo. Texto, documentário com as meninas. É meu sonho viajar e contribuir com meus conhecimentos. O mundo me espera. Sonho de uma vida. Faço 60 anos dia 24 de março de 2021. Quero escrever sobre as minhas experiências de voluntariado na terceira idade. Sinto-me uma criança com asas e um grande desejo de cooperar para um mundo melhor. Gratidão 🙏
Matheus
Abr 30, 2021
Gratidão 🙏