Guia para aprender fotografia: tudo que um iniciante precisa saber
Se você tá pensando em aprender e ganhar uma grana com fotografia enquanto viaja, esse guia explica as técnicas básicas para começar a entender essa arte!
11min
As primeiras formas de fotografia foram desenvolvidas no século XVIII, com as câmeras obscuras e as formas rudimentares de captura de imagens.
Entre os séculos que nos separam desse momento inicial, muita coisa aconteceu e a tecnologia se desenvolveu bastante. Hoje, a fotografia é muito mais acessível e rápida, e é usada para recordar momentos, documentar algum fato ou divulgar uma visão de mundo, um conceito.
Apesar de termos câmeras na palma da mão o tempo todo na maioria dos celulares, a qualidade de cada modelo tende a variar bastante, ainda mais se compararmos com outros equipamentos como as câmeras profissionais. Entretanto, é importante saber que não é o equipamento que faz uma boa foto, quem controla o equipamento é que é responsável por isso.
Confira essas dicas básicas para aprender fotografia:
1. Tipos de câmera
Digitais e analógicas
As câmeras chamadas “digitais” são aquelas que vêm de um equipamento que dispensa o processo de revelação da imagem, a visualização pode acontecer no momento em que a foto é tirada.
Já as chamadas “analógicas” são aquelas que precisam passar pelo processo de revelação para que a foto possa ser vista.
Isso não quer dizer que umas são melhores que as outras, elas apenas tem pontos positivos e negativos diferentes, que devem ser levados em consideração na hora de adquirir o equipamento, pois ele pode não suprir a sua necessidade.
Por exemplo, as câmeras digitais são ótimas por serem rápidas e terem um custo menor, já que não existe o processo de revelação, mas as analógicas tem uma qualidade única, que não pode ser reproduzida pelas câmeras digitais e, após a revelação, você tem um objeto físico em mãos, que pode ser usado para presentear os amigos ou decorar a casa.
É importante considerar qual o objetivo na hora de adquirir o equipamento, além dos custos e quais são suas preferências, que tipo de imagem você quer e o uso que você vai dar a elas.
Compactas e DSLR
Entre as câmeras digitais, existem ainda as compactas e as Reflex ou DSLR, que é sigla para Digital Single Lens Relex. A diferença entre as duas é, basicamente, o tamanho do sensor.
As compactas têm um sensor menor, o que faz com que ela tenha menos recursos e seja mais lenta na captação de imagens. Além disso, a qualidade da imagem não é muito alta.
Já as DSLR têm um sensor maior, o que faz com que tenham mais recursos e que seja possível mudar a lente, além de serem mais rápidas. Para quem quer aprender fotografia, as compactas podem ser um passo inicial na área, mas as DSLR estão à frente.
2. Configurações importantes
Agora que você já entende qual equipamento tem em mãos, é importante compreender como as configurações funcionam. A maioria das câmeras podem ser ajustadas no modo automático, onde elas se ajustam sozinha ao ambiente e à iluminação, definindo as configurações a partir disso, mas existem também o modo manual, onde é você que deve ajustar cada uma dessas configurações.
A maioria das pessoas, por falta de conhecimento, acaba usando o equipamento no modo automático, mas dessa forma você acaba se restringindo e não utilizando todo potencial da sua câmera - do seu potencial de fotógrafo. Por isso, o meu conselho é que você comece a se aventurar pelo modo manual. Pode ser que você erre algumas vezes, mas com o tempo e a prática as coisas vão ficando mais fáceis.
Fotometria
Quando você clica para tirar uma foto, diversas coisas diferentes acontecem para que a imagem seja captada. O obturador fica aberto por determinado tempo, o diafragma está de determinado tamanho deixando determinada quantidade de luz passar e o ISO está definido em uma determinada quantidade.
Na hora de tirar a foto e tudo isso deve se alinhar para que a foto saia com a qualidade que você quer. Como saber que essas coisas estão todas balanceadas o suficiente? É aqui que acontece a mágica da fotometria.
Fotômetro é o instrumento que realiza a medição da luz. Eles podem ser incorporados na câmera - ou seja, estão dentro dela - ou podem ser externos, conhecidos como fotômetros de mão. Os fotômetros incorporados fazem a medição da luz que reflete na própria câmera, mostrando se ela está “equilibrada” ou se está muito escura ou clara demais.
Nas câmeras DSLR, o fotômetro é uma pequena régua que fica na parte de baixo do visor pequeno - que você coloca o olho pertinho. Ajustando ISO, obturador e diafragma, você pode ver, portanto, a fotometria da câmera, onde o indicador do fotômetro irá "subir" ou "descer," ajustando, assim, as luzes da imagem. Se estiver mais próximo de 0, a imagem está mais equilibrada. Se está para o lado do "mais" está mais clara, e para o "menos" está mais escura.
ISO
Na hora de tirar a foto, você precisa deixar uma certa quantidade de luz entrar para que isso aconteça. Existe um mecanismo que capta essa iluminação através de um sensor. O ISO (International Standards Organization) é quem determinada a sensibilidade desse sensor em captar a luz. Quanto maior o ISO, maior a sensibilidade e mais luz ele vai ser capaz de captar e vice-versa.
Portanto, em locas mais escuros um ISO alto pode ser uma boa alternativa se você não pode ou não quer usar o flash. Acontece que há um preço a se pagar por isso: quanto maior o ISO, mais “granulada” ficará sua imagem. Isso quer dizer que ela perderá um pouco da qualidade, ficando com alguns ruídos.
O ISO começa em 100 e pode chegar a valores bastante altos. Entretanto, a partir de 800 os ruídos são visíveis. Isso não significa que a imagem ficará feia ou ruim, você pode usar os ruídos a seu favor, criando algum efeito ou construindo uma imagem boa o suficiente para que eles sejam ignorados. Depende de como você usa essas configurações.
Diafragma
O diafragma é o mecanismo da câmera que faz o controle de entrada da luz para que a imagem seja produzida. Ao clicar para tirar a foto, o diafragma vai estar com uma determinada abertura, e é ela que indicará quanto de luz estará entrando para que a imagem seja capturada. Quando maior a abertura, mais luz entra e, consequentemente, quanto menor a abertura, menos luz.
O diafragma também atua na profundidade de campo que é captada. Sabe como algumas câmeras distorcem determinada parte da imagem enquanto outra parte permanece focada? Esse efeito é gerado pela profundidade de campo captada. Se o diafragma está bastante aberto, mais coisas estarão desfocadas na imagem e um ponto menor estará focado.
A abertura é indicada na câmera pela letra “f”, é medida da maior abertura para a menor abertura: f/1 (mais aberto), f/4, f/8 …. F/64 (mais fechado). Parece estranho pensar nessa proporção, mas é só considerar que f/1 é “f” dividido por 1, enquanto f/64 é “f” divido por 64.
Obturador
O obturador se refere ao tempo em que o diafragma permanecerá aberto expondo o filme ou o sensor. Portanto, a indicação do diafragma e o “f” é o quanto ele estará aberto, e o obturador se refere a por quanto tempo permanecerá assim.
Quanto mais tempo o obturador permanece aberto, mais luz é captada pela câmera, e o contrário também acontece. Você deve pensar, então, que em lugares de menor luz o melhor é colocar uma maior velocidade de captar a maior quantidade de luz possível, certo? Pode ser, mas há um problema.
Se o obturador fica aberto por mais tempo, a câmera precisa ficar imóvel ou o movimento vai ser captado e a imagem sairá borrada. Por isso, se você não puder usar um tripé ou apoiar sua câmera, não é recomendável usar valores baixos de velocidade ou suas imagens sairão borradas e desfocadas. Quanto maior a velocidade, mais “congelada” sairá a imagem.
A velocidade é apresentada em frações de segundos. Ela aparece na câmera como 1/2, 1/4, 1/250, 1/2000. Isso quer dizer que 1/2 é 1 segundo divido por 2, ou meio segundo, e 1/2000 é 1 segundo dividido por 2000 - o que é bem menos que meio segundo, portanto, o obturador irá se fechar e abrir bem rápido.
É possível usar essa configuração para criar muitos efeitos, como rastros de luz e tirar fotos de longa exposição, onde o obturador permanece aberto por bastante tempo e capta muita luz - com a câmera em um tripé, claro, gerando fotos lindíssimas. Fotos das estrelas ou que são capazes de mostrar a via láctea geralmente são tiradas dessa forma.
Balanço de branco
O balanço de branco vai agir nas cores da sua imagem, corrigindo “cores irreais”. O balanço correto precisa levar em consideração a temperatura das cores, se ela é “quente” (cores mais vermelhas, laranjas, rosas, amarelas) ou mais “frias” (cores mais azuis). Aos nossos olhos, as coisas que são brancas são facilmente percebidas, mas as câmeras, em geral, têm mais dificuldade de fazer o ajuste automaticamente por causas das luzes do local.
Em locais com luz natural, usamos opções de luz do dia ou sombra, já em locais onde as luzes são artificiais, é possível ajustar para tungstênio, por exemplo, corrigindo as luzes de lâmpadas fluorescentes. O balanço também pode ficar no automático, sendo corrigido pela câmera.
Foco
O foco é essencial em qualquer boa foto. Uma foto desfocada, mesmo com boa composição e boa luz, não é realmente uma boa foto. Uma lente objetiva é capaz de focar somente em um plano de cada vez, e o que estiver a frente ou atrás ficará fora de foco.
Geralmente o foco é ajustado automaticamente, mas você pode optar por ajusta-lo manualmente. O ajuste manual é útil se você quiser focar em algo específico, ou se quer fazer testes de foco.
Flash
A maioria das câmeras vem com flash embutido, entretanto, em geral, eles não são reguláveis e podem acabar atrapalhando a sua foto. Ao fotografar festas ou algum evento pode ser que o flash se torne incômodo. Em um local com espelhos ou vidros, isso não funcionaria muito bem.
Alem disso, é preciso verificar sempre o ajuste do flash e como ele está se comportando em relação a luz do ambiente. Se o flash estiver muito mais forte que a luz disponível, o fundo da foto sairá escuro e o que estiver no plano da imagem sairá muito claro ou até estourado - que é como chamamos quando a imagem fica branca demais.
Uma técnica usada por profissionais - que usam flash externo, e não aquele embutido na câmera - é colocar a luz apenas um pouco mais forte que aquela disponível no local e, então, bater a luz para o alto, o que gera fundos mais detalhados.
O funcionamento da luz e a sua captação é uma das coisas que leva tempo para aprender na fotografia. Faça testes, olhe como as imagens estão ficando e vá alternando as configurações, assim você aprende o que funciona e o que não funciona.
3. Composição
Essa é uma das áreas da fotografia em que ela tem muita relação com o design. A composição se refere ao que você coloca na foto e como fazer com que elas estejam em harmonia. Uma foto bonita não é simplesmente a foto de um lugar bonito, é uma foto bem equilibrada, que tenha um bom desenho.
Quando você pede para alguém tirar uma foto sua na frente de um lugar turístico, provavelmente você espera que a pessoa coloque tudo em um enquadramento bonitinho, que pegue todo o monumento e que não corte uma parte da sua cabeça na foto, certo? Isso tudo é composição!
Existem algumas dicas e macetes pra ajudar a tornar suas fotos melhores nesse quesito
Regra dos terços
A maioria dos equipamentos fotográficos hoje têm a opção de colocar uma grade na sua tela - uma espécie de jogo da velha desenhado, com duas linhas na vertical e duas na horizontal. Então, essa é a regra dos terços.
Os pontos que são mais importantes da foto, devem ficar em um dos quatro pontos onde as linhas se encontram. E, se existir alguma linha na imagem, tente coloca-la em paralelo ou no mesmo sentido das linhas da regra. Isso ajudará muito na sua composição.
Perspectiva
Você sabe como é diferente desenhar um cubo e desenhar um quadrado? Essa diferença acontece justamente porque o cubo é uma imagem 3D e precisa de perspectiva para que seja possível compreender isso. A perspectiva conduz o interesse e demonstra que aquela não é uma imagem bidimensional.
Para tirar fotos com perspectivas você precisa observar as linhas que compõe a paisagem, as curvas, e compreender qual a melhor maneira de captar aquela imagem. Um bom exercício para entender perspectiva é pesquisar imagens famosas e tentar desenhar por cima delas as linhas e formas geométricas que formam aquela imagem. Assim, você consegue encontrar o “cubo” da imagem e entender como elas são construídas.
4. Como praticar?
Ok, agora você sabe todas essas configurações e quer testar seu fotômetro, fazer imagens com o obturador em baixa velocidade, mas onde? Quando eu comecei a fotografar, eu ia até parques, praças e todo tipo de lugar e chamava pessoas pra tirar foto comigo ou tirava fotos de pessoas aleatórias, e isso me ajudou muito a desenvolver o que eu sei e a fixar o que eu preciso saber.
Eu também sempre sou voluntária para tirar foto dos aniversários, natais e festas de ano novo da família, isso me dá experiência com diferentes ambientes, luzes e pessoas. Outra coisa que recomendo é tirar foto de amigos sempre que puder para praticar.
5. Onde conseguir trabalhos?
Agora que você já sabe tudo isso e tem uma câmera que faz fotos de boa qualidade em mãos, como ganhar algum dinheiro com isso? As dicas sobre como praticar também são ótimas para fazer seu trabalho ser conhecido.
Envie as fotos para as pessoas e peça que elas publiquem marcando seu perfil nas redes sociais, isso fará com que cada vez mais pessoas conheçam seu trabalho e, quem sabe, te contratem.
Para iniciantes, postar suas fotos é um ótimo começo, além de ser um excelente portfólio para mostrar para futuros clientes, receber críticas construtivas e ver o seu desenvolvimento e como você tem se aprimorado. Além disso, existem diversos sites que pagam pelas imagens. Para quem vive como nômade digital, a fotografia é uma ótima fonte de renda.
Em locais turísticos, muitas empresas que realizam passeios contratam fotógrafos para fazer as fotos dos turistas e combinam um valor a ser repassado por cada pacote adquirido. Você também pode oferecer seus serviços diretamente para turistas que queiram fotos mais profissionais da viagem.
Se você quer se aventurar pelo mundo como nômade digital e viver a vida com uma rotina diferente, além de diferentes tipos de voluntariado, a Worldpackers também oferece cursos onlines que vão te ajudar a ganhar uma grana extra enquanto viaja:
- Curso de fotografia para iniciantes
- Curso de fotografia na natureza
- Como tirar fotos incríveis de viagem apenas com o celular
E aí? Se animou de fazer o curso de fotografia na natureza aqui em cima?
E aí, conseguiu aprender um pouquinho? Com essas noções que apresentei aqui você já é capaz de fazer fotos belíssimas com o seu celular mesmo. As câmeras profissionais são mais importantes se o seu foco é imprimir ou publicar as fotos em algum lugar.
O importante mesmo é que você treine bastante e busque sempre referências. Veja o trabalho de outras pessoas, entenda como elas fazem e tente construir o seu, se inspire (não copie!). É importante lembrar que não é o equipamento que faz a foto, e sim o fotógrafo.
Thágore
Out 25, 2020
Perfeito! ♥️
Guilherme
Jun 15, 2021
Muito bom!! estou começando agora a tirar fotos e seu conteúdo foi muito útil para mim. Obrigado!!
Paula
Out 29, 2021
Mto legal
Maria Silvia
Fev 11, 2023
V BB BB
kelly
Set 26, 2023
Parabéns pelo trabalho, a foto mostra o olha diferente de cada pessoa. Fiquei impressionada com suas imagens.