Criando coragem para enfrentar a estrada sozinho

Minha viagem estava apena no começo, porém naquele momento a duração ainda era algo que eu desconhecia. Não sabia quanto tempo iria viajar. Eu tinha tempo.

Eu

Abr 16, 2020

3min

Ilha Grande, Rio de Janeiro

Havia me demitido do trabalho pois percebi que não era algo que me fazia feliz, então voltei a morar com meus pais, numa cidade da Grande São Paulo. Lá, no ócio de cada dia, entre cuidar do jardim, cozinhar para a família e assistir minhas séries favoritas, decidi que precisava sair um pouco daquela realidade. Então resolvi planejar uma viagem. Decidi viajar pelo litoral brasileiro.

Saí de casa em agosto do ano de 2017. Passei três semanas em um templo espiritual na cidade de Cunha, interior de São Paulo, e depois decidi ir para a cidade turística vizinha, Paraty, no estado do Rio de Janeiro.

Lá conheci uma viajante argentina, já com seus quarenta e poucos anos, que viajava pelo Brasil fazendo trabalhos voluntários através de um aplicativo, a Worldpackers. Resolvi experimentar.

Comecei a explorar o aplicativo, ainda em sua gratuidade, procurando lugares que poderiam me receber não muito distante de onde eu estava. Encontrei vários lugares bem interessantes e então resolvi “pagar pra ver”, pois o custo-benefício de se pagar alguns dólares em troca de um ano de acesso ao aplicativo me pareceu vantajoso.

Resolvi entrar em contato com alguns hostels e pousadas em Paraty mesmo, mas não obtive resposta. Eu não tinha um roteiro muito bem definido, somente tinha tempo disponível e vontade para conhecer lugares novos.

Eu nunca viajei muito. Quando pequeno meus pais não saíam para viajar e depois que cresci, até então, não havia tido a oportunidade, dinheiro necessário, tempo livre, uma companhia ou a coragem para viajar sozinho. Agora eu tinha quase tudo, só não a companhia, mas tinha a coragem para enfrentar a estrada sozinho.

Como não estava conseguindo nada em Paraty, resolvi me aplicar para outros lugares num raio de distância curto. Foi aí que Vanessa, dona do Hostel Papagaio, em Ilha Grande, me respondeu.

Trocamos algumas mensagens para nos conhecermos melhor e para ver se nossa expectativa condizia com a realidade. Essa etapa eu classificaria como uma das mais importantes. É sempre bom deixar muito bem esclarecido quais serão as condições as quais estaremos nos submetendo, para que não haja inconveniências.

Ela me descreveu todas as tarefas que eu teria que cumprir, qual seria a carga horária, onde eu me alojaria, que outros benefícios eu ganharia trabalhando lá, certificou que minhas informações estavam corretas, principalmente minha capacidade em falar inglês, e me descreveu um pouco como era o dia a dia do hostel e da ilha. 

Tudo me pareceu adequado e entendi que seria uma troca justa. Senti segurança em suas palavras e meu instinto dizia que iria gostar daquilo. Todos estavam de acordo, então confirmamos a data de chegada.

Festa no Papagaio Hostel

Ilha Grande é um lugar sensacional. Um paraíso natural num lugar muito perto do Rio de Janeiro e até de São Paulo.

Para chegar é fácil, a opção mais utilizada é pegar uma balsa a partir de Angra dos Reis. O hostel fica na vila de Abraão, a região mais movimentada da ilha. Fiquei um mês lá e adorei.

Adorei os anfitriões, os colegas staffs e todos os novos amigos que pude fazer por lá, muitos que mantenho contato até hoje. 

O trabalho foi super simples, tranquilo e agradável, sendo basicamente de recepção e limpeza. O café da manhã com ótimas opções de frutas, pães e bolos e o almoço maravilhosamente preparado pelos anfitriões. Na época em que estive lá havia festas quase todos os dias, sendo os luaus meus preferidos.

Este voluntário é ideal para quem pretende conhecer pessoas, fazer novas amizades, aprender sobre novas culturas com os hóspedes vindos de vários lugares do mundo, praticar idiomas e viver num ambiente agradável e animado. Ao mesmo tempo, também é ideal para quem curte a natureza, pois há muitas praias lindas por toda a ilha, tem cachoeira, o pico do Papagaio, muitas trilhas, piscinas naturais e a vila do Abraão, que é muito charmosa. Se tiverem a oportunidade, mergulhem nessa experiência. Com certeza foi um dos lugares mais marcantes pelos quais passei e pretendo voltar algum dia.




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