Afinal, quem você quer ser?

Quero dividir com vocês um pouco da minha experiência e espero que ajude a tomar a decisão de embarcar em uma nova aventura.

Torisa

Abr 01, 2023

6min

Conselhos para uma vida com mais gratidão

Mais um ano que se encerra e acredito que Dezembro, pra muitos, representa o mês de festas, de celebração de mais um ano que se finaliza entre amigos e família e de momentos de reflexão e de esperança para o ano que se inicia. 

Gostaria de aproveitar e agradecer pela oportunidade de poder compartilhar com vocês um pouco do que 2018 representou na minha vida e mostrar o quão importante é se agarrar e acreditar em seus sonhos.

Já mencionei em um dos meus primeiros artigos um pouco da minha vida pessoal, da minha situação familiar complicada e do quanto isso moldou quem eu sou hoje.

Esse ano me preparei para um encontro que tem o potencial de mudar a minha vida completamente. 

Nasci em Taiwan e me mudei para o Brasil aos cinco anos de idade com a minha avó paterna. Meu pai surgia ocasionalmente sempre trazendo problemas e a minha mãe, bom, nunca a conheci de fato, além de ter passado alguns poucos dias com ela antes de me mudar de continente e, desde então, não tive contato com ela, exceto alguns telefonemas sem sentido de aniversário que se tornaram escassas e ausentes com o tempo. 

Hoje, quase com 30 anos, decidi que é hora de me encontrar com ela pela primeira vez após 24 anos. 

Por quê agora e será que estou preparada para isso?

Vou lhe poupar dos detalhes, mas independente de ter sido pela influência dos erros do meu pai ou não, fui criada sentindo que eu era a pior coisa que poderia ter acontecido na vida da minha família, que eu era responsável pelos erros do meu pai e que, sendo criança e adolescente, eu deveria ter plena compreensão dos motivos que me levaram a ser tão ingrata, detestável e decepcionante. 

Consigo entender parcialmente o comportamento da minha família, que eles são apenas seres humanos como eu e que perfeição não existe, mas hoje, quase aos 30 anos, relembro com certa tristeza quando aos 5 anos acordava no meio da noite me perguntando o por quê meus pais não estavam presentes, o por quê o restante da minha família me odiar tanto, ou com 19 anos, sendo mal vista por sair de casa (na época, eles não me deixaram outra opção) e por ter escolhido ser enfermeira ao invés de médica, entre tantos eu sendo eu e não o que eles queriam que eu fosse.

O resultado dessa bagunça foi largar tudo e embarcado na melhor experiência da minha vida há 3 anos e confirmo que viajar é definitivamente o melhor investimento que você vai fazer na tua vida. 

Conhecer lugares novos, paisagens de tirar o fôlego e ter o privilégio de vivenciar outra cultura são ganhos óbvios de uma viagem, mas aposto que poucos te contam sobre o quanto você se conhece através das dificuldades enfrentadas, o quanto você aprende a ter voz própria quando se encontra sozinha no mundo e aprende o valor de pequenas coisas com o dinheiro suado economizando e trabalhando pra chegar ao próximo destino. 

Foi em uma das minha viagens que consegui mudar a minha visão dos eventos que ocorreram na minha vida: passei a sentir gratidão por tudo que já me aconteceu e a aceitar que eu provavelmente não estaria admirando o pôr do sol em Budapeste em frente ao Parlamento se não fosse por tudo que já me aconteceu. 


Viajante 

Foi viajando que eu comecei o processo de auto conhecimento e entendi que eu não era apenas uma enfermeira, que eu não era o que o meu trabalho me definia, que eu não era o que os outros e a minha família pensavam de mim e que tinha muitas camadas a serem desvendadas e trabalhadas.

Além do processo de auto conhecimento e de me libertar das concepções da minha família, me deparei com aprender a lidar com opiniões externas quanto ao estilo de vida que optei em ter. 

O meu recado aqui é dizer que por mais difícil que a sua vida possa ser e por mais obstáculos que você venha a se deparar, em hipótese alguma deixe fatores internos e externos interferirem nos seus objetivos. 

Se o teu objetivo é conhecer o mundo, vá. Se é conhecer o mundo, voltar e formar uma família, faça acontecer. Se é conhecer o mundo e formar uma família, quem foi que disse que não é possível? O mundo é sim repleto de momentos e pessoas ruins, mas ela está cheia de surpresas também e cabe a você se abrir pra ela e decidir qual direção tomar. Cabe a você, e somente a você, decidir como quer enxergar a vida.

Ah, mas você está sempre feliz? Jamais! Eu sou extremamente rabugenta quando quero, defensiva e reclamo mais do que gostaria, mas continuo aprendendo e tentando ser uma pessoa melhor todos os dias. 

Sim, tenho muitos daqueles dias em que eu só quero ficar em casa, escondida debaixo dos cobertores, assistindo um filme e chorando sozinha, mas sei que não posso passar todos os meus dias assim.

O mais importante de tudo, faça o possível para que o mundo não defina quem você será na vida. Situações ruins acontecem a todo momento com todo mundo, infelizmente, mas acredito que se conseguirmos manter a nossa essência, inocência e muito amor, temos o potencial de contribuir com muito mais do que imaginamos. Os seus obstáculos não são maiores ou menores do que os de ninguém e nunca se envergonhe se precisar buscar ajuda.

Agora, voltando à minha mãe, por quê agora?

Apesar de reconhecer que é um momento crucial na minha vida, hoje eu sei o que não quero na minha vida e, mais importante, sei o que quero e, embora ainda tenha muito a descobrir, construí uma base sólida da pessoa que me tornei e sei que conhecer ela não vai definir ou modificar o que sou hoje. 

Sei que esses últimos anos viajando me proporcionaram um auto conhecimento que não se desmoronará em resposta a ela e que tenho o poder e a escolha de decidir se é alguém que vou querer manter em minha vida ou não.

“Nossa, mas você é feita de gelo!”. Não, não sou. Escutei de uma pessoa recentemente que eu sou como um ovo, duro por fora e mole por dentro. 

Aprendemos com as dificuldades que passamos que precisamos saber nos defender e que entre muitos tropeços e corações partidos, nem todos que conhecemos são destinados a permanecerem pra sempre, que apesar de termos os melhores amigos do mundo, eles não são a tua família e que em muitos momentos da nossa vida nós estamos sozinhos nas grandes tomadas de decisões e devemos arcar com as consequências dos nossos atos. 

Talvez esse seja o preço em se ver obrigada a se tornar adulto, ou talvez seja só o fato de não ter o suporte familiar, mas aprendemos que temos que nos proteger de alguma forma. Isso significa se fechar para o mundo? Talvez. Por algumas horas, alguns dias, você que decide. Se permita chorar, ficar triste e irritada se precisar, mas nunca, em hipótese alguma, permita que fatores externos mudem o teu interior. Pare de se perguntar o que você quer ser e experimente perguntar quem você quer ser.

O mais importante de tudo, acredite em seus sonhos e lute pra tornar cada um deles realidade. Vá, mesmo com medo, mesmo escutando de todos que é loucura e que é impossível, trabalhe, tenha foco e acredite que nada se conquista sem se esforçar ao menos um pouco. 

Pode ser que dê certo, pode ser que dê muito errado, mas o que fica é a experiência, o aprendizado e sua capacidade em evoluir e fazer diferente da próxima vez. 

Aprenda a persistir, acreditar, ter coragem e disponibilidade para trabalhar duro. Sim, você estará sempre segura se permanecer na sua zona de conforto, mas você nunca saberá do que você é feito e do que você realmente é capaz.

Nesse ano que se encerra, a dias de conhecer a minha mãe e com a ansiedade de um ano com novos 365 oportunidades de um novo recomeço, desejo a vocês grandes sonhos e força para conquistar cada um deles. Você é inteiramente responsável pela vida que tem, pelos seus sonhos e conquistas e pelas suas decisões. 

E então, quem você quer ser daqui pra frente? 

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