Coronavírus e o aumento do dólar: o que fazer no meio da viagem

Em meados de 2020, aquele que acreditávamos ser o ano, não veio só. Trouxe consigo algumas boas surpresas.

Acredite, esse é o assunto mais falado no momento, e eu tenho como base o vilarejo de Chikwaka no Malawi, onde estou fazendo voluntariado pela Worldpackers. As rádios noticiam no idioma Chichewa, mas tem uma palavra que consigo entender muito bem - Coronavírus. 

Este assunto tem preocupado muita gente, e obviamente os viajantes. 

Quem vos escreve, Rebecca Alethéia, está neste exato momento no continente africano. Mas além de aventureira apenas, sou especialista em infectologia e atuei em planos de contingência de surtos do H1N1 e já vi casos de H3N2, Influenza, dengue e surtos hospitalares.

Quanto mais fujo dos surtos, mais eles me encontram pelo mundo. De todas as lições que deveriam ser aprendidas e praticadas na vida em sociedade, nada mudou. 

• Higienize as mãos
• Use álcool em gel
• Cubra seu rosto ao tossir ou espirrar

Já deveríamos estar craques nessas regras, mas somos os primeiros a negligenciar tais regras básicas de convivência. Não é à-toa, e nem de hoje, que especialistas da saúde repetem estas recomendações básicas que nos escapam na rotina, seja você rico, seja você pobre.

Gosto muito do informativo da Organização Pan-Americana da Saúde e de como ele trata o tema em questão, para que possamos todos falar a mesma língua no assunto prevenção de doenças.

Costumo dizer que o que mais mata são os surtados. 

O medo e o pânico fazem parte do ser humano, mas temos que lembrar que esses surtos e pandemias declaradas não são de hoje:

• 25 de abril de 2009: pandemia de H1N1
• 5 de maio de 2014: disseminação internacional de poliovírus
• 8 agosto de 2014: surto de Ebola na África Ocidental
• 1 de fevereiro de 2016: vírus zika e aumento de casos de microcefalia e outras malformações congênitas
• 18 maio de 2018: surto de Ebola na República Democrática do Congo

Pensar em Coronavírus na África e neste caso, na África Austral, sim, me preocupa. 

Principalmente por saber que estou em países africanos remotos, onde olhando o mapa de transmissão, os caso confirmados são zero, e zero mortes. 

Bravo, eficiência em controle de surto, certo? Errado.

Acompanhe você também o mapa de transmissão do Coronavírus, mas por favor, não entre em pânico. 

Não acredito que não tenha nenhum caso na África, o que acredito é não haja estrutura e controle de contingência para a pandemia em questão, nem laboratórios para diagnóstico e muito menos equipes altamente treinadas para isso. 

Aliás, por aqui podem ter ocorrido inclusive algumas mortes, que simplesmente não receberam o seu diagnóstico.

Salve-se quem puder, essa é sempre a lição triste das epidemias. 

Aos que estão por aqui, neste caso nós, morrer sem saber o diagnóstico ou exame laboratorial adequado será o que teremos. Pois posso te adiantar, temos um longo caminho a percorrer na saúde. Quem se importa com a África?

Eu até poderia fazer a escolha de voltar para o Brasil, mas com o aumento vertiginoso do dólar, qual atitude tomar? 

1. Correr o risco de contrair Coronavírus ao passar por 3 aeroportos de grande circulação da África 

2. Sobreviver com o dinheiro que antes valia pouco, mas hoje não vale nada?

A grande lição de enfrentamento do surto para mim, é que quando a comunidade faz o seu levante em busca de saúde, nos tornamos autores e protagonistas da solução. Assim aprendi com o surto de cólera após o ciclone IDAI na Beira-Moçambique. 

Se você é do time que está com viagem marcada e eu puder dar um conselho, adie sua viagem e guarde seu dinheiro. 

Não é porque o dólar aumentou e que o Coronavírus chegou com tudo que sua viagem planejada e seus sonhos acabaram.

Não se deixe levar pelo desespero e pela interrupção passageira de seus planos. É tudo uma questão de tempo, a pandemia irá passar e tudo vai voltar ao normal. 

Estamos apenas no ápice da Pandemia de Coronavírus 2020 e em breve estaremos usando a #eusobrevivi2020.