Viagens, autoconhecimento e espiritualidade. Tudo isso em um mochilão

Minha experiência pessoal sobre cultivar a espiritualidade e o auto conhecimento durante uma jornada de um ano pela California e América Latina!

Carolina

Mai 18, 2023

6min

Espiritualidade e viagens

A gente decide viajar por diversos motivos. Em um feriado para descansar, quando sai de férias do trabalho, para estudar em um intercâmbio, para sair da zona de conforto em um mochilão. 

Eu decidi fazer esta viagem para me conhecer. Para me conectar com o que eu realmente sou. Para compreender a espiritualidade que sempre caminhou comigo.

Este relato vai parecer um pouco prolixo e desconexo por vezes, mas porque é extremamente difícil verbalizar tudo que se vive enquanto desenvolvimento pessoal e espiritual. Só experienciando para compreender!

Foi um longo processo, de anos, até botar os pés dentro do avião em 24 de Fevereiro de 2018 com destino à Califórnia, meu ponto de partida. 

Assumi para mim mesma que o dinheiro que ganhava trabalhando em São Paulo não valia a frustração que vivia. Aceitei meu lado cigano e sonhador. Abracei minha espiritualidade e tudo o que vem com ela. Honrei tudo que sempre esteve à minha espera, pacientemente, como o yoga, o interesse pela cozinha saudável, pelo poder das ervas, dos incensos, da natureza, da mulher medicina, da astrologia. 

Comecei a me interessar mais por espiritualidade indígena, saberdoria ancestral, extraterrestres, frequências quânticas, cosmética e ginecologia natural.

Do que você tá falando, Carol? Mas o tema não era viagens? Pois é, para vocês verem o quão amplas podem ser as descobertas de uma pessoa que viaja, que se move.

Desde que decidi embarcar nesse mochilão, determinei que essa não seria mais uma trip padrão, turística e sim que iria me permitir viver algo único, divertido, por vezes aleatório e, principalmente, divino, com o único objetivo de me levar em direção aquilo o que quero me tornar: melhor do que hoje. E tem sido incrível pra mim colocar em prática toda a cura que me propus a passar! É uma decisão difícil começar a revirar o banco de areia das mágoas e dos velhos condicionamentos, mas muitíssimo mais gratificante experienciar todo o resultado.

E dentre todas essas oportunidades de crescimento, eu reencontrei o yoga na minha vida. Comecei a estudar aos poucos. Inclusive nessa caminhada eu sempre achei que tinha que fazer tudo com perfeição. E o resultado era frustração. Aos poucos, entendi que o mais importante não é a perfeição e sim o caminho, a intenção! E só quando entendi que a essência está na tentativa, eu evolui. E essa tem sido uma das mais poderosas ferramentas de autoconhecimento e espiritualidade!

Leia também: Como fazer yoga: dicas para inserir essa prática na rotina diária



Pessoas nos fazem crescer também. Fazer amigos tão diferentes de nós, seja pelo país de origem, história de vida ou objetivo, é tão engrandecedor para nossa forma de se relacionar com o outro, pois nos ensina a de fato respeitar as diferenças e a individualidade do outro! Devemos carregar dentro de nós um pouco de cada um que participou dos nossos caminhos. 

Mas voltando a falar de viagens. Eu gosto sempre de associar lugares que visitei com as mudanças internas que passei e não ao contrário, pois acredito que cada lugar que pisei tem sua energia única e cheguei neles não porque queria mas porque precisava.

Por exemplo, minha estadia no Parque Tayrona (Colômbia) me transformou. Algo sutil mas não menos importante. Os dias que passei em meio aquela mata virgem, nadando naquele mar mágico como se eu tivesse nascido ali fizeram conectar-me novamente com o acreditar no universo, com o ter fé em si mesma e na existência, independente em que situação esteja. Eu pude resgatar a leveza dos dias, a gratidão diária pelo simples acordar.  Tenho seguido mais feliz, mais sorridente, mais leve e mais amorosa comigo mesma. E então, coisas têm acontecido, portas têm se aberto, oportunidades têm aparecido.

Quando estive na Califórnia, me candidatei a um programa de voluntariado na fazenda da Amma, em San Ramon. Teve muito trabalho nas hortas, orações às 5h15 da manhã, meditações, satsangs ("em companhia da verdade", são tipo reuniões onde se fala de práticas espirituais básicas para uma vida mais harmoniosa) e muitas bênçãos dela, Amma, que acredita no amor universal que liberta ao invés de religiões que acorrentam.

Na Costa Rica, presenciei a aura diferente das florestas de Monteverde. Era energia pura vibrando! Para quem permite a sensibilidade falar, facilmente se percebe os seres da floresta por lá. Nunca me senti tão protegida e com sensação de pertencimento como me senti em um bosque nublado. 

No Peru eu entendi porque muita gente busca auto conhecimento e iluminação ao subir montanhas, porque é puxado hahaha necessita determinação e concentração. E resiliência, muita. Além disso, os Apus (montanha em Quéchua) têm uma energia de força e sabedoria absurdas. Aí você me pergunta "o que tem a ver subir uma montanha com evolução?" É como o Yoga. Os ásanas. O esforço corporal com devoção reverbera no mental e espiritual. E quando você se dá conta, não é mais qualquer amenidade que te tira do eixo. Você sente que pode transcender tudo. E aí entende o papel das montanhas na vida. E da natureza. E do Yoga. 

Ainda no Peru, eu me dei de presente de aniversário um encontro indígena de sabedoria ancestral feminina. Vivi um misto de emoções, descobertas, curas, mudanças e ressignificados. Até hoje não sei bem como fui parar lá, nesse lugar com tanto amor, sabedoria e vontade de melhorar o mundo, concentrados em uma só terra! Eram mulheres engajadas, fortes e sábias, verdadeiras gigantes, compartilhando conhecimento ancestral, indígena, feminino, espiritual. Nos curando, resgatando nosso poder, nossa auto-estima, nossa conexão com a natureza, nosso amor pelo nosso corpo e nosso sangue e principalmente nosso olhar de parceria e não mais de competição. 



Mas afinal, vamos ser práticos. Como cultivar todo esse relacionamento com a natureza? Bom, para mim é seguir cruzando rios, andando selvas, amando a lua. E sempre pedindo permissão para caminhar por estes solos e agradecendo à natureza divina pela oportunidade. Escute a terra. Olha, garanto que ela tem muita coisa a te dizer.

Essa é a minha caminhada, a minha história. É o que tem funcionado para mim mas você mesmo pode encontrar a sua forma de se conhecer e se espiritualizar. Eu venho aqui apenas servir de um instrumento que compartilha vivências e talvez ajude a inspirar outras pessoas a buscarem seus caminhos também .

E enfim, depois de tudo isso que venho vivendo nesses 10 meses, eu consigo sintetizar e enxergar de forma palpável sobre o que realmente faz sentir-me na minha essência. Eu quero dedicar minha vida ao mundo, às pessoas, para que todos vivam com dignidade, curados de todos seus medos, com força para se amarem e seguirem a vida com alegria mesmo diante de adversidades. Assim como hoje eu sou. Essa sou eu

Além disso, quando se viaja sozinha há que derrubar tantas barreiras físicas e psicológicas que você se dá conta que pode realizar TUDO que se propor a fazer na vida. 

O que não podemos mais é continuar buscando nossa paz fora de nós mesmos. Até quando vamos acreditar que a cura vem do outro? E ainda mais, que precisamos nos humilhar para tal. Somos completos e repletos de potência, não deixe ninguém roubar isso de você. 

E sabe qual a boa notícia? É maravilhoso quando se larga o disfarce de lado e começa a viver de forma autêntica! Sem medo ou vergonha de mostrar quem se é. Sempre é tempo de resgatar o amor próprio e o auto cuidado. Quando nos permitimos ser nós mesmos, sem máscaras ou receios, percebemos que o mundo é maravilhoso em qualquer lugar do mundo, em qualquer circunstância, porque nossa essência é nosso lar!



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