Passeios no Recife: roteiros básicos e alternativos
Confira uma lista de passeios no Recife, desde os clichês turísticos aos segredos que só moradores conhecem.
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Arrisco dizer que a maioria dos turistas que visita a capital do estado de Pernambuco por poucos dias faz o mesmo roteiro: Praia de Boa Viagem, Recife Antigo, Oficina Brennand, Instituto Brennand e um pulinho em Olinda, cidade vizinha.
Quando se tem mais tempo, há muitas outras opções de passeios no Recife pra diferentes gostos. O melhor: vários deles são gratuitos ou bem baratinhos.
1. Passeios no Recife: o básico e um pouco mais
Antes de mais nada, vou dar uma geral sobre esses rolês mais comuns que mencionei ali em cima, caso você seja iniciante em matéria do que fazer em Recife, acrescentando alguns pontos que não costumam entrar nos roteiros mais corridos.
Boa Viagem
Começando pelo famoso bairro e praia de Boa Viagem, bairro que concentra a imensa maioria dos hotéis e albergues da cidade. Essa praia urbana é bonita e tem uma infraestrutura legal, com quiosques e ciclovia no calçadão e cadeiras de praia que podem ser usadas em troca de consumação (sem valor mínimo, amém).
Outra queridinha dos turistas é a Pracinha de Boa Viagem, onde acontece uma feira de artesanato e comidas típicas. Na última vez em que fui lá, achei o lugar meio decadente, mas às quartas-feiras à noite a praça recebe um evento legal chamado Recife Mais Cultura, com apresentações de ritmos locais.
Localizado na Zona Sul do Recife, o bairro também oferece boas opções de restaurantes e bares, sendo que boa parte é voltada pra um público de classe média alta.
Boa Viagem também é uma boa opção pra quem quer trocar trabalho por hospedagem.
O hostel Piratas da Praia, que também funciona como espaço de coworking, costuma oferecer vagas pra várias áreas e já é considerado um “Top Anfitrião” na Worldpackers.
Outra opção no mesmo bairro é o Ramón Hostel, criado por argentinos, que tem um ótimo bar/pizzaria no térreo.
Pra uma experiência diferente nessa região, vale conferir a Galeria Joana D’Arc, no Pina, que é um tradicional point da “cena alternativa” recifense e reúne lojas e restaurantes como a creperia Anjo Solto, ou ir comer frutos do mar na comunidade Brasília Teimosa.
Outro roteiro alternativo é fazer um passeio de catamarã pra Ilha de Deus, comunidade que subsiste principalmente da criação de camarões e da coleta de crustáceos e molusco no mangue. Uma organização de turismo comunitário promove tours por lá.
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Recife Antigo
O Bairro do Recife, mais conhecido como Recife Antigo, fica numa ilha na região central da cidade e foi o local de nascimento da capital pernambucana. Seu coração é a Praça do Marco Zero, onde acontecem grandes eventos, como os principais shows do carnaval recifense.
Ao redor dela, você encontra prédios antigos bem gracinha, museus super interessantes como o Paço do Frevo e o Cais do Sertão, um Centro de Artesanato bem organizado, a primeira sinagoga das Américas (Kahal Zur Israel), a Embaixada dos Bonecos Gigantes (aqueles que saem às ruas no Carnaval de Olinda) e vários restaurantes, bares e lanchonetes legais.
Apesar de ser a área mais turística da cidade, ela também é frequentada por moradores tanto durante a semana, já que o bairro abriga o principal polo de tecnologia da cidade, quanto nos finais de semana, que costumam ser bem animados.
Aos domingos, acontece uma feirinha de artesanato na Rua do Bom Jesus, além de eventos promovidos pela prefeitura através do projeto Recife Antigo de Coração.
Uma ótima forma de curtir o bairro é trocar trabalho por hospedagem no hostel Azul Fusca, que é lindinho e fica em ótima localização.
Oficina e Instituto Brennand
Os turistas que têm mais tempo costumam incluir na sua lista de passeios no Recife dois lugares localizados na Zona Oeste da cidade: a Oficina de Cerâmica Francisco Brennand e o Instituto Ricardo Brennand.
Apesar de serem irmãos, os criadores de cada espaço são brigados e suas propostas são bem diferentes. No primeiro, você encontra as obras desse conhecido ceramista local, expostas em galpões no meio de um espaço verde.
No segundo, o destaque é um castelo (acho meio kitsch, mas é bonito) que abriga uma coleção bem grande armas brancas, tapeçaria, pintura e escultura.
2. Passeios no Recife: roteiros alternativos
Além dessas opções mais tradicionais de passeios no Recife, existem outros programas mais "alternativos" que valem muito a pena.
Tours guiados gratuitos
Sabe aqueles free walking tours, passeios guiados “grátis” em que você paga uma gorjeta no final? Os tours do projeto Olha! Recife são grátis de verdade, porque são promovidos pela Prefeitura do Recife. Pra participar, espera-se apenas que você leve um quilo de alimento não perecível.
O projeto promove todas as semanas passeios a pé, de ônibus, de bicicleta e até de catamarã, com temas que variam bastante. Entre outros temas, rolam percursos focados em igrejas, poetas pernambucanos, as pontes da cidade e o rio Capibaribe, a influência francesa no Recife e etc. Detalhe importante: é preciso se inscrever pelo site, geralmente na semana anterior.
Santo Antônio e São José
Pertinho do Recife Antigo (é só atravessar uma ponte) ficam os bairros de Santo Antônio e São José, parte do “centrão” do Recife. A atmosfera lá é bem diferente da região mais turística e infelizmente as ruas e prédios não são muito bem cuidados (ou muito limpos).
Vale a pena circular por lá, especialmente se você curtir arquitetura antiga. Nas ruas de Santo Antônio você encontra marcas da presença holandesa, portuguesa, francesa e judaica expressas em bonitos pátios, casarões e igrejas.
Um dos destaques do bairro é o Pátio de São Pedro, que além de abrir alguns equipamentos culturais e restaurantes, costuma sediar o evento Terça Negra, dedicado à celebração da cultura de matriz africana. Vale a pena conferir se vai rolar uma edição enquanto você estiver por aqui, se calhar de estar na cidade numa terça-feira.
Já São José é mais comercial, com muitas ruas estreitas, camelôs e lojas baratas. Um bom lugar pra sentir a energia do Recife “real”, vivido por boa parte da população. Ah, e um destaque por lá é o Mercado de São José.
Inaugurado em 1875, ele foi o primeiro edifício brasileiro pré-fabricado em ferro, com a mesma estrutura neoclássica dos mercados europeus do século XIX. Além de ser um belo patrimônio histórico, o Mercado de São José oferece várias peças em barro, madeira, renda e palha, além de todo tipo de comida.
Boa Vista
Outro bairro bem antigo localizado no centro do Recife é o da Boa Vista, que abriga o mais antigo cinema de rua da cidade (Cinema São Luiz, que ainda funciona e é bem bonito por dentro), o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, bares “alternativos” e queridinhos da comunidade LGBTQ+ e o bonito prédio da Faculdade de Direito do Recife.
Sem falar no Mercado da Boa Vista, que é pequeno, mas muito tradicional. O lugar é uma ótima opção pra um almoço regional. Chegue cedo pra garantir um lugar (aos sábados, é bom estar lá por volta das 11h) e peça um arrumadinho ou macaxeira com carne de sol acompanhado de uma cerveja gelada.
Casa Forte, Poço da Panela e Apipucos
Poucos turistas incluem a Zona Norte da cidade na lista de passeios no Recife. O que me parece uma pena, não só porque fui criada nessa região (hehe), mas principalmente porque ela é bem bonitona.
O bairro de Casa Forte, por exemplo, é um dos mais tradicionais da cidade. Por lá, você encontra mansões históricas convertidas em lojas de marcas locais, bares e restaurantes excelentes, ruazinhas arborizadas e a simpática Praça de Casa Forte. Com paisagismo assinado por Burle Marx, a praça é rodeada por alguns cafés, restaurantes e até uma livraria.
No mesmo bairro você encontra ainda o Museu do Homem do Nordeste, onde funciona uma das unidades do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, dedicado a filmes “de arte”.
Um pouco mais adiante (já no bairro de Apipucos) fica a Fundação Gilberto Freyre, que abriga um acervo dedicado ao sociólogo num espaço bem bonito.
Quase “dentro” de Casa Forte, você encontra outro bairro que também merece uma visita: o Poço da Panela é quase um oásis no meio do caos urbano, com casario antigo e ruas tranquilas calçadas com paralelepípedos.
Fique ligado nos arredores quando passear por lá, porque o bairro é bem residencial e costuma ficar vazio, mas aproveite pra tirar foto com o muro em homenagem aos Beatles na Rua Monsenhor Lôbo.
Jaqueira, Espinheiro e Aflitos
Outros bairros bem agradáveis pra caminhar a pé e ir pulando de bar em bar, de café em café ou de loja em loja são os vizinhos Espinheiro, Jaqueira e Aflitos.
No bairro da Jaqueira você encontra um parque de mesmo nome que é uma boa opção pra fazer um piquenique, caminhar ou levar as crianças pra brincar nos playgrounds.
Ali perto você encontra também o Museu do Estado de Pernambuco, a antiga estação de trem Ponte d’Uchoa (bem lindinha) e o Jardim do Baobá, pequeno parque à beira do rio (com balanços gigantes!).
Dali, você pode ir terminar sua maratona de passeios no Recife pelo bairro do Espinheiro e seu vizinho Aflitos, ótimo polo gastronômico.
Como bares e restaurantes têm mania de abrir e fechar com certa frequência, recomendo dar uma conferida em alguns endereços no site do Veja Recife, ou melhor ainda: perguntar a algum morador.
Uma das muitas vantagens de passar mais tempo num destino, fazendo work exchange ou algo do tipo, é justamente essa, né? Descobrir rolês que vão além do turismo basicão e conhecer a cidade de forma um pouco mais profunda.
Alguém aí tem mais dicas de passeios no Recife? Compartilha nos comentários!
Denise
Set 06, 2020
Amei seu roteiro! Estou na cidade e senti falta de um planejamento + detalhado ;)
Gratidão