Guia completo das melhores trilhas em Paraty: dicas de quem já foi

Se você está em busca de aventuras e beleza natural, as trilhas em Paraty são imperdíveis. A região é marcada pela mata atlântica preservada, praias paradisíacas e paisagens de tirar o fôlego.

Neste guia, vou compartilhar as melhores trilhas de Paraty e também um pouco das minhas vivências por lá, revelando o que você pode esperar em cada uma delas, além de dicas úteis.

Para começar, gostaria de contar um pouco sobre como viajei, através do voluntariado da Worldpackers. A ideia é simples: você se oferece para ajudar em atividades como hospedagem, trabalhos em fazendas, projetos sociais ou ecológicos, e em troca, recebe acomodação gratuita e, em muitos casos, refeições.

Além de economizar nos custos de viagem, ser um Worldpacker proporciona experiências únicas e a chance de se conectar com a cultura local de forma mais profunda. A plataforma também é uma excelente maneira de fazer novos amigos, já que muitos voluntários se reúnem em um mesmo local.

Em Paraty, fiquei como voluntária no Aracy Hostel, um espaço super bem localizado no centro histórico da cidade. Minha contribuição incluía a recepção e o preparo do café da manhã. O voluntariado tornou minha viagem muito especial, pois, além da economia, fiz amizade com outras voluntárias que estavam lá e, juntas, fizemos muitos passeios.

Gostou da ideia? Aqui você pode ver todas as oportunidades em Paraty, RJ.

As melhores trilhas em Paraty

Antes de começar, tenho alguns lembretes e recomendações. As trilhas de Paraty estão localizadas na Reserva Ecológica Estadual da Juatinga, uma área de 9 mil hectares voltada à proteção ambiental e à preservação da cultura caiçara.

Na reserva, não é permitido levar animais domésticos, acampar fora de áreas designadas, fazer fogueiras, caçar animais silvestres ou retirar plantas. Outro ponto importante: sempre leve seu lixo de volta com você, ajudando a manter o local limpo.

Com relação às trilhas, indicarei o grau de dificuldade de cada uma, mas lembre-se de que a percepção de esforço pode variar. Caso você não tenha experiência ou condicionamento físico, recomendo contratar um guia local credenciado para garantir segurança e suporte durante o percurso.

Para facilitar, vou dividir as trilhas de Paraty por bairros/regiões onde elas se encontram. Assim, fica mais fácil na hora de planejar o seu roteiro!

Dito isso, vamos ao que interessa:

Região 1: Vila Oratório

Praia do Sono

A trilha de Paraty mais procurada pelos viajantes é, sem dúvida, a da Praia do Sono. O percurso começa na Vila Oratório, um bairro local, e tem 3 km de extensão. O nível de dificuldade é moderado, com elevação máxima de 137 metros. 

Se você pretende ir de ônibus, como eu fui, na rodoviária de Paraty tem o ônibus Vila Oratório, que tem o ponto final bem perto do início da trilha, onde está a placa indicando o caminho. Você também pode pedir para o motorista avisar quando chegar. 

O local mais confiável para ver os horários de ônibus é na própria rodoviária, onde há papéis com os horários atualizados. Já tentei procurar na internet, mas não encontrei informações corretas.

Quando fiz a trilha, levei cerca de 2 horas. O caminho tem algumas partes íngremes, com "escadas" cavadas no morro, o que pode cansar um pouco. Como estava com mochila de camping, precisei descansar mais vezes.

A trilha em si é muito bonita e bem demarcada. Quase todo o trajeto é dentro da mata fechada (e abafada). Já a Praia do Sono vale cada esforço. Com aproximadamente 1,3 km de areia fininha e branca, e um rio lindo no final, o lugar preserva o charme da vila caiçara.

Recomendo passar pelo menos uma noite por lá, até para conhecer as praias vizinhas (que falarei mais adiante) e admirar o céu estrelado. Mas se não for possível, um bate-volta também vale a pena. Você pode ir pela trilha e voltar de barco, por exemplo, para aproveitar mais.

Ao longo da praia, você encontra restaurantes e vários campings. Eu tinha reservado o meu pela internet, mas me arrependi, pois ele ficava na "rua" de trás, sem vista para o mar. A maioria dos outros campings era bem de frente para a praia. Então, se não for alta temporada ou feriado, recomendo esperar para chegar e conhecer os campings antes de escolher.

Outro ponto: a praia não tem sinal de internet móvel, e muitos lugares não têm Wi-Fi. Portanto, programe-se para ficar sem internet e telefone. Além disso, há apenas um mercadinho pequeno com poucas opções, então vale levar algo caso queira cozinhar.

No final da Praia do Sono, além do belo riozinho, tem o gran finale: subindo uma longa escadaria, você chega a um mirante incrível, com uma vista encantadora do oceano e da faixa de areia. É cansativo, mas a subida compensa. Dá uma olhada:

Seguindo pelo mirante, temos outras opções de trilhas em Paraty. De lá, é possível chegar até as praias de Antigos e Antiguinhos, ambas bonitas e bem próximas uma da outra. Do Sono até Antigos são cerca de 1,3 km, com nível moderado e elevação máxima de 80 metros.

Recomendo muito que as visite, são duas praias lindas e, quando fui, estavam vazias. Elas não possuem estrutura de camping ou quiosques, então leve um lanche e água.

Outra opção partindo do Sono é o Poço do Jacaré, uma pequena queda d'água com um poço para banho. E, apesar do nome, não tem jacarés, fique tranquilo! São cerca de 1,2 km até ele, um percurso leve.

Da Praia dos Antigos, você pode continuar pela trilha e chegar à Praia das Galhetas, uma praia deserta que, em vez de areia, é repleta de pedras. São cerca de 1,4 km até lá, com nível moderado e elevação máxima de 114 metros.

Ponta Negra 

Bom, se depois de subir o mirante e percorrer lindas praias você ainda quer mais, temos outra pequena vila caiçara no caminho. Após a Praia do Sono, está a Ponta Negra, com sua praia linda e tranquila.

Se você quer fugir do grande fluxo de turistas, essa pode ser uma boa opção. O percurso todo, do Sono até Ponta Negra, tem cerca de 3,8 km, com nível moderado e elevação máxima de 114 metros. 

O local oferece uma estrutura simples, com restaurantes caiçaras e campings. Muitas pessoas acampam por aqui quando planejam fazer a nossa próxima trilha, a do Saco Bravo.

Saco Bravo

Um dos atrativos mais impressionantes e buscados de Paraty é o Saco Bravo. Quando estive na região, não me atrevi a fazer essa trilha, pois estava nublado e me disseram que o percurso era pesado e pouco demarcado.

Isso foi há alguns anos, quando o local não recebia tantos turistas como hoje. Para preservar a área, foi estabelecido recentemente que é obrigatória a contratação de um guia credenciado para chegar ao Saco Bravo, e o número de visitantes foi restrito a 140 pessoas por dia.

O percurso até o Saco Bravo, partindo de Ponta Negra, é de 4,2 km, com dificuldade pesada e elevações de 232 metros. Se você decidir começar pela Vila Oratório, o total é de 12 km de caminhada, então é recomendável fazer em dois dias.

E vale a pena encarar uma das trilhas mais difíceis de Paraty? Bom, eu acredito que sim, e pretendo voltar lá para fazê-la. O Saco Bravo é um lugar único, onde uma cachoeira deságua em uma piscina natural de frente para o mar. Sério, é surreal!

Travessia da Juatinga 

Para os mais aventureiros, a Travessia da Juatinga é um sonho! Começando pela Vila do Oratório e passando por boa parte das praias e atrativos que já mencionei, ela é uma das travessias costeiras mais impressionantes do Brasil.

Unindo paisagens de tirar o fôlego, praias paradisíacas, mata atlântica preservada e comunidades caiçaras, o percurso totaliza 39 km, com dificuldade moderada. Essa jornada é feita em três dias, com pernoites e refeições nas comunidades ao longo do caminho. 

Para garantir a segurança e enriquecer a experiência, a presença de um guia local é altamente recomendada.

A Ponta da Juatinga é uma península que integra a Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e a Reserva Ecológica da Juatinga, lar de uma grande biodiversidade, com diversas espécies da rica flora e fauna da Mata Atlântica.

O primeiro dia da travessia é até Ponta Negra, onde é recomendado passar a noite. Já o segundo dia é o mais exigente, mas a beleza do trajeto compensa o esforço. Os caminhantes seguem pelas praias Cairuçu das Pedras e Martim de Sá, com pernoite na última.

No terceiro e último dia, a aventura continua, com mais cinco praias e uma cachoeira pelo caminho: Pouso, Itanema, Calhaus, Itaoca e Grande da Cajaíba, que é o ponto final. De lá, os viajantes podem pegar um barco até a praia de Paraty Mirim, concluindo essa jornada incrível em meio à natureza.

Região 2: Paraty Mirim

Pico do Pão do Açúcar 

Posso ser suspeita para falar, já que este é um dos meus lugares favoritos nas minhas viagens pelo Brasil, mas o Pico do Pão de Açúcar é verdadeiramente mágico! Localizado na Praia do Cruzeiro, uma das muitas praias do Saco do Mamanguá, ele oferece uma vista de tirar o fôlego.

O Saco do Mamanguá é o único fiorde tropical do Brasil, com suas águas calmas cercadas por montanhas íngremes cobertas de mata atlântica. Essa baía é um verdadeiro paraíso natural, protegido pela Área de Proteção Ambiental do Cairuçu.  

Para apreciar essa imensidão, o Pico do Pão de Açúcar é o local perfeito — e sim, temos nosso próprio Pão de Açúcar em Paraty, diferente do famoso do Rio de Janeiro.

A chegada

Para chegar ao início da trilha, você precisa pegar um barco na Praia de Paraty Mirim. Ao chegar lá, provavelmente alguém irá abordar você oferecendo o passeio, então não se preocupe com isso.

Já fiz esse percurso duas vezes e, na última vez, em agosto de 2024, paguei R$ 250 para atravessar até a Praia do Cruzeiro de barco, sendo um casal. Se você estiver com mais pessoas, é mais fácil negociar um valor melhor. Além disso, recomendo ir pela manhã, por volta das 8h ou 9h, para evitar o sol forte durante a caminhada.

A trilha

Chegando ao Cruzeiro, você encontrará um restaurante caiçara e, logo ao lado, o início da trilha. O percurso é de apenas 1,5 km, mas não se engane pelo curto trajeto: é tudo subida! 

A trilha é considerada pesada, com elevações máximas de 383 metros. Demorei cerca de 1h20 para chegar ao topo, então recomendo levar água e um lanche para recuperar as energias lá em cima.

Mas cada passinho vale a pena. A visão do pico é surreal — só estando lá para ver e sentir a magnitude desse lugar.

Após a trilha, recomendo almoçar no restaurante local, que serve uma deliciosa comida caiçara. Depois, aproveite a calmaria da Praia do Cruzeiro, que mais parece uma piscininha, ideal para um merecido descanso e um mergulho refrescante. É o fechamento perfeito para uma jornada incrível pelo Saco do Mamanguá!

E outra dica que tenho: lá em Paraty Mirim, há uma oportunidade incrível de voluntariado no Remo Hostel, uma casinha de madeira em meio à floresta. Eles buscam voluntários para ajudar com limpeza, cozinha e recepção, em troca de estadia, café da manhã e a chance de explorar essa região lindíssima com mais tempo. Veja todos os detalhes da vaga aqui.

Praia do Furado

Próximo ao Remo Hostel e a um ponto de ônibus, há outra opção entre as trilhas de Paraty. Esta é mais curta, com cerca de 1,3 km, e leva até a Praia do Furado, uma bela prainha que costuma estar quase vazia. É um ótimo lugar para relaxar. 

Há também muitos outros atrativos em Paraty Mirim, e você pode ver todos eles aqui: Paraty-Mirim, um cantinho especial escondido na cidade de Paraty.

Região 3: Trindade 

Praia do Meio

Vamos para a última região: Trindade, que fica quase na divisa com a vizinha e igualmente bonita Ubatuba. É possível chegar ao local de ônibus, partindo também da rodoviária de Paraty

A vila de Trindade é bem alternativa e charmosa, e nela começa o percurso até a Praia do Meio, em um caminho de no máximo 1 km. Chegando lá, você tem várias opções de trilhas em Paraty para seguir.

Partindo da Praia do Meio, você pode seguir por 700 metros até a Pedra que Engole, uma formação rochosa onde você pode escorregar por baixo da pedra e cair em um pequeno poço. No local, também há uma queda d'água e um poço para banho. A trilha até lá é considerada leve e demarcada.

Voltando para a Praia do Meio, você pode seguir por mais 400 metros até a Praia do Caixa d'Aço. Uma praia linda, com uma extensa faixa de areia e mar azulzinho. Seguindo mais um pouco, cerca de 650 metros, está a Piscina do Caixa d'Aço. Toda essa caminhada é considerada leve. 

A Piscina do Caixa d'Aço é, literalmente, uma piscina formada pelas pedras que seguram as ondas e deixam a água calma. É um lugar bem bonito, mas infelizmente fica muito cheio. Também é possível chegar lá de barco.

Seguindo a trilha após a piscina, há um caminho que leva até a Cabeça do Índio, ou Ponta de Trindade, uma formação rochosa visível da praia. Não cheguei a ir até lá, então não sei como está a trilha atualmente, mas como é pouco frequentada, pode não estar bem demarcada. Se pretender fazer essa trilha, é melhor se informar com os moradores locais antes.

Para saber mais sobre Trindade e seus atrativos, dê uma olhada aqui: O que fazer em Trindade, RJ: melhores praias, como ir e onde ficar.

Ufa, depois de tanta caminhada, chegamos ao fim deste guia com as melhores trilhas de Paraty. Qualquer dúvida, é só deixar nos comentários que vou adorar responder. E não se esqueça de criar seu perfil gratuito na comunidade Worldpackers para começar a salvar suas vagas de voluntariado favoritas!