A travessia do Vale do Pati é considerada um dos trekkings mais belos do mundo. Uma imersão incrível numa natureza quase intocada e no modo de vida simples dos seus moradores.
9min
Já ouviu falar no Vale do Pati? Esse é um dos lugares mais incríveis da Chapada Diamantina, na Bahia, e pude conhecê-lo numa travessia inesquecível. Neste artigo, vou contar tudo que você precisa saber antes de ir.
O Vale do Pati é um vale dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, protegido pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio). É uma extensa área verde cercada por montanhas imensas, paredões rochosos, rios e cachoeiras.
Dentro do vale há apenas 12 casas. A maioria das famílias que moram nessas casas trabalha com turismo e recebe os viajantes que estão fazendo a travessia do Vale do Pati. Ah, os moradores também fazem comidas deliciosas, para ninguém passar fome enquanto está fazendo as caminhadas.
O Vale do Pati fica localizado na Bahia, a aproximadamente 500 quilômetros de Salvador. A entrada e saída do Vale do Pati pode ser feita por três lugares, sendo eles: Guiné (distrito do município de Mucugê), Vale do Capão (distrito do município de Palmeiras) e Andaraí.
O percurso mais comum é iniciando por Guiné e finalizando por Andaraí, por ser mais curta. Mas cada um pode escolher o seu próprio roteiro de acordo com o seu planejamento de viagem.
A travessia do Vale do Pati não tem um roteiro engessado. Dentro do Vale existem diversas trilhas e atrativos, cada pessoa ou grupo tem autonomia para decidir para onde quer ir. Logo mais vou falar de todos os atrativos do vale!
Se você tem vontade de conhecer o Vale do Pati de uma maneira alternativa, uma das opções para imersão total no Parque Nacional da Chapada Diamantina é fazer um trabalho voluntário na região.
Através da plataforma Worldpackers, você troca algumas horas de trabalho por acomodação gratuita e outros benefícios.
Em Mucugê, que é uma das cidades com entrada para o Vale do Pati, existe um camping onde você pode colaborar com limpeza e jardinagem, ganhando em troca hospedagem, café da manhã e outras vantagens.
No Vale do Capão, você pode ajudar numa comunidade de permacultura e ainda aprender sobre bioconstrução e reflorestamento.
Na cidade de Ibicoara, uma das regiões mais lindas da Chapada Diamantina e pertinho da entrada do Vale do Pati, também tem opção para fazer trabalho voluntário. Se você é músico ou aspirante, você pode tocar 3 horas por dia no restaurante de uma pousada. Em troca, ganha a estadia nesse paraíso.
E se preferir morar num lugar um pouco mais estruturado, a cidade de Lençóis possui várias vagas para trabalho voluntário. Você pode ajudar na limpeza de um hostel, criar conteúdo digital para uma pousada ou ainda ajudar na recepção de um albergue.
Gostou dessas ideias? Crie um perfil gratuitamente na comunidade Worldpackers e comece a salvar suas vagas de voluntariado favoritas! Aproveite e leia também este depoimento sobre como é aprender permacultura na Chapada Diamantina.
É possível fazer esse roteiro em apenas três dias, mas para aproveitar bem o Vale do Pati, o interessante é separar no mínimo cinco dias para essa travessia. Pois um dia é para entrar do vale e outro dia para sair dele, então sobram apenas três dias para fazer as trilhas e curtir todos os atrativos do Pati.
Se você tiver mais tempo livre e condição financeira de ficar mais tempo dentro do Pati, eu recomendo fazer a travessia em sete dias. Nesse período você consegue conhecer cada cantinho desse paraíso quase que intocado.
Você não precisa ser um super atleta para fazer a travessia do Vale do Pati. Contudo, é interessante ter um pouco de experiência com trilhas e subidas íngremes. Os dias de entrada e saída do Vale do Pati são os mais difíceis, pois você precisa subir as montanhas que cercam o vale e em seguida, descê-las.
Depois que você está dentro do vale, as trilhas são mais tranquilas. O nível é de moderado a difícil, depende muito dos atrativos que você vai visitar. Lá dentro, você também pode tirar um dia para descansar em alguma cachoeira, poço ou rio.
A seguir, vou descrever as principais atrações do Vale. Vale ressaltar, no entanto, que simplesmente estar desconectada no meio da natureza já é incrível.
Entrando no vale pelo distrito de Guiné (pela Ladeira do Beco ou pelo Morro do Aleixo), o Mirante da Rampa é a primeira grande visão do Vale do Pati. Lá de cima, é possível ter uma noção do quão grande é o vale. Dá para ver as trilhas, os morrões e até avistar de longe o primeiro ponto de apoio e hospedagem, a Igrejinha.
O tempo de caminhada até o mirante é de aproximadamente duas horas. Tanto pela Ladeira do Beco ou pelo Aleixo, a primeira hora do trekking é uma subida íngreme e cansativa. Após essa subida, a trilha continua plana e tranquila passando pelos Gerais do Vieira e Gerais do Rio Preto, até chegar no mirante.
O Mirante do Vale do Pati é um ótimo lugar para parar, descansar, fazer um lanche e, claro, apreciar a vista deslumbrante do Vale. Depois de se recompor, prepare-se para a descida da rampa. Na minha opinião, a descida é mais difícil que a subida. É imprescindível ir devagar e com cuidado, para não lesionar os joelhos.
Após chegar na Igrejinha (primeiro ponto de apoio dentro do vale) existe uma trilha até três cachoeiras: Altina, Funis e Bananeiras. A trilha leva uns 40 minutos até a última cachoeira. É um pouco difícil, mas vale muito a pena. Quem não quer um banho de cachoeira após um dia de trekking?
Caso você chegue muito cansado na Igrejinha e não tenha mais condições de trilhar, deixe esse rolê pro dia seguinte. Você pode tirar um dia inteirinho só para curtir as três cachoeiras e descansar numa das redes da Igrejinha.
Eu considero a trilha para o Cachoeirão por Cima a mais fácil do Vale do Pati. O trajeto é plano na maioria do percurso, com poucas elevações. O visual lá do alto é incrível, principalmente na época de chuva, quando as quedas d'água aparecem.
Se você tiver sorte, pode ver até 20 quedas espalhadas pelos paredões. Quando eu fui, o Cachoeirão estava seco. Mesmo assim, foi maravilhoso contemplar a natureza lá do alto.
O início da trilha para o Morro do Castelo, uma subida íngreme com cerca de 2 quilômetros, é a parte mais difícil. No alto do morro, há uma gruta onde é necessário lanternas para atravessar um trecho curto e escuro.
Após a passagem pela gruta, há dois mirantes de pedras, com visuais de tirar o fôlego. A meu ver, uma das vistas mais lindas do Vale do Pati. Num dos mirantes, é possível ver a Cachoeira do Calixto.
A trilha para a Cachoeira do Calixto é por dentro da mata, com bastante sombra em quase todo o percurso. Na cachoeira, há um poço enorme para banho e uma queda d'água deliciosa (e gelada). As pedras são bem escorregadias, então é preciso caminhar devagar e com cuidado.
A trilha do Cachoeirão por Baixo é a trilha com maior grau de dificuldade do Vale do Pati. Caminha-se grande parte do percurso pelo leito do rio, por pedras de vários tamanhos e algumas escorregadia. É uma caminhada que exige bastante fisicamente.
Aos poucos, o vale vai se estreitando até chegar no poço do Cachoeirão. Um banho gelado com vista dos paredões e das quedas d'água faz você esquecer o cansaço e só desfrutar do momento.
Na época de chuva, existem mais de 20 quedas d'água no Cachoeirão, é mágico e lindo de ver. Poder observar tamanha beleza de tão perto é uma experiência inesquecível. Vale a pena todo o esforço!
Leia também:
O Poço da Árvore não é tão visitado, mas é um lugar muito gostoso para curtir. Caso você tenha tempo, eu recomendo colocar no roteiro. Tem uma visão maravilhosa dos paredões, uma queda d'água e um poço enorme para se banhar.
Dentro do Vale do Pati há aproximadamente 12 famílias que recebem os visitantes em suas casas, como comentei acima. As hospedagens oferecem quartos compartilhados e em algumas casas existem até quartos privados. As casas são simples, adaptadas para receber os viajantes.
Os pontos de apoio oferecem café da manhã, almoço e jantar. As refeições são fartas e deliciosas. Você pode optar pela pensão completa, que inclui todas as três refeições e a pernoite. Ou, se preferir, pode pagar somente pela pernoite e fazer suas próprias refeições na cozinha compartilhada.
Mas lembre-se que se você optar por fazer a sua própria refeição, você mesmo vai ter que carregar a sua mochila com o peso das comidas.
Em algumas casas, há pequenas vendinhas para comprar mantimentos para as trilhas, como biscoitos, macarrão, arroz, enlatados, frutas e bebidas.
Além disso, em alguns pontos de apoio, como na Igrejinha, eles ainda disponibilizam cerveja gelada e o famoso Gengidrink. É um drink de cachaça de gengibre com mel e limão, simplesmente delicioso.
Quanto menos coisas você levar, mais leve fica a sua mochila. Consequentemente, a caminhada fica mais tranquila. Algumas coisas são indispensáveis, como boné ou chapéu, óculos de sol, protetor solar, camisa UV e capa de chuva para você e para a sua mochila.
Em relação à água, o ideal é ter uma garrafa de água de no mínimo 1,5L. Em todas as casas você consegue abastecer sua garrafa com água filtrada. Caso necessite, também pode repor nas nascentes pelo caminho.
Dependendo da época do ano, faz um friozinho à noite dentro do vale, então é bom levar uma calça e um casaco. Lanterna, repelente e chinelo também são necessários, além de uma toalha de secagem rápida e que não ocupe muito espaço.
Economize nos itens de higiene pessoal para não deixar a mochila muito pesada. Um sabonete e um creme dental pequenos são suficientes. Se for levar shampoo e condicionador, coloque em embalagens pequenas.
Carregador de celular é essencial para você não perder nenhum registro da travessia! Em quase todas as casas dá para carregar o celular normalmente.
Quando eu fui, somente no último ponto de apoio (casa do seu Joia) não consegui carregá-lo, pois a energia dentro do vale é solar e nesse dia não tinha dado sol.
O ideal é que o peso da sua mochila não ultrapasse 10% do seu peso corporal. Ou seja, se você pesa 60 kg, sua mochila deve pesar no máximo 6 kg para você fazer o trekking tranquilamente.
A maioria das pessoas faz a travessia com guia credenciado. É claro que é muito mais cômodo: você só precisa organizar a sua mochila e embarcar na aventura.
Eu particularmente não tinha condições financeiras de pagar pela travessia guiada, então eu e mais três amigos estudamos muito bem todo o percurso e fizemos sem guia. Contudo, eu não aconselho fazer sem guia se você não tem experiência com aplicativos de trilha offline e GPS.
Além de conhecerem muito bem o trajeto, os guias fazem todo o contato com os pontos de apoio e ainda levam comidinhas para os lanches durante as trilhas.
O Vale do Pati pode ser visitado durante o ano inteiro. A época de chuvas é de novembro a abril, e nesse período as cachoeiras e rios vão estar cheios. A desvantagem é que você vai encontrar mais dificuldade nas travessias dos rios e bastante lama nas trilhas.
Durante os outros meses, as trilhas ficam mais secas, mas você pode pegar o Cachoeirão sem água (que não deixa de ser um visual incrível).
Agora que você já sabe tudo sobre a Travessia do Vale do Pati, que tal aprender mais sobre planejamento na sua viagem? Assinando o plano pack na WP você tem acesso ilimitado a mais de 120 cursos na Worldpackers Academy, a maior escola de viajantes para viajantes. Boa viagem!
Escreva aqui suas dúvidas e agradecimentos ao autor
Como membro, você entra em contato com os anfitriões e viaja com segurança quantas vezes quiser.
Escolha seu plano para viajar com a Worldpackers quantas vezes quiser.
Complete o seu perfil, assista às vídeo-aulas da Academy e tire certificados para se destacar para os anfitriões.
Aplique para quantas vagas quiser e converse com nossos anfitriões verificados.
Se o anfitrião achar que você se encaixa bem na vaga, você será pré-aprovado.
Prepare documentações e passagens necessárias para o seu voluntariado.
Confirme sua viagem para ter toda a segurança da Worldpackers.
Viva sua experiência transformadora e impacte positivamente o mundo.
Caso algo saia do combinado com o anfitrião, conte com a Proteção WP e nossa equipe de suporte altamente ágil!
Depois do seu voluntariado, você e seu anfitrião trocam avaliações.
Com avaliações positivas, você se destaca para os anfitriões e ainda recebe mais benefícios.
