Estilo de vida minimalista: como adotá-lo no dia a dia e em viagens

Ter poucos pertences e viajar com uma bagagem pequena é só parte da jornada de transformação para ter um estilo de vida minimalista. Veja como adotar de fato essa filosofia.

13min

estilo de vida minimalista

Você assiste ao documentário Minimalism da Netflix, lê alguns artigos na Internet, doa e vende umas peças de roupas, para de gastar no cartão de crédito e segue a vida achando que tudo mudou e que agora tem um estilo de vida minimalista. Mas então o que acontece depois?

Você se esquece de tudo aquilo em poucos meses e acaba tendo uma bela recaída no consumismo outra vez. Isso significa que você entrou na moda, mas não adotou de fato o minimalismo como estilo de vida; não se transformou desde as raízes.

Ser minimalista não é uma tarefa fácil, não! Nem rápida. Viver um estilo de vida minimalista de verdade requer muita desconstrução de ideias, desapego e ações concretas no dia a dia e o que chamo de minimalismo 360°, indo muito além do minimalismo no consumo

É preciso também ser minimalista no âmbito mental e emocional. Pouco se fala sobre isso, mas é tão importante quanto a questão do consumo! 

Além disso, claro que ser minimalista na viagem não é menos importante. E já aviso que isso vai além da mala minimalista, como você verá neste artigo.

O que minimalismo NÃO é

Certamente você já ouviu como é uma pessoa que adota um estilo de vida minimalista. Talvez no seu imaginário surja uma casa clean, com paredes brancas e móveis simples. Tudo incrivelmente limpo e bem iluminado. Poucos itens decorativos e, no guarda-roupas, peças nos mesmos tons organizadas por cores.

Lamento destruir seu imaginário, mas isso é só estereótipo mesmo. Aliás, não lamento, porque se você se apegar nessa cena de documentário da Netflix ou de vídeo superficial do Youtube vai acabar se frustrando e tendo recaídas, sem conseguir de fato transformar seu estilo de vida.

Ser minimalista não é sobre consumir pouco, vender os excessos e ter uma casa com poucos acessórios. Isso são apenas ações dentro de um processo de mudança de vida.

Mas o que é minimalismo, então?

Primeiramente é preciso entender que minimalismo é um movimento que leva a um estilo de vida onde menos é mais.

O minimalismo tem como objetivo evitar os exageros, mas também viver com mais consciência e qualidade de vida, valorizando o tempo, a liberdade, a simplicidade, a economia, o meio ambiente, as experiências e as relações.

Com um estilo de vida minimalista, você impacta as pessoas ao seu redor e o meio ambiente, porque passa a levar uma vida mais sustentável e socialmente saudável. Inclusive levando esse conceito minimalista na mala de viagem, como vou mostrar nos próximos parágrafos.

A ideia é viver cada vez com mais qualidade e menos quantidade. E isso inclui:

  • a maneira como a pessoa minimalista viaja
  • como se relaciona com outras pessoas
  • como lida com bens de consumo
  • como lida com suas emoções
  • como filtra pensamentos
  • a maneira como leva sua rotina

Enfim, tudo o que envolve sua vida passa a ser mais leve, saudável e sustentável.

O foco acaba ficando nos pertences: quantos itens a pessoa possui, quanto paga no cartão de crédito… Mas quem quer mesmo ter minimalismo como estilo de vida vai precisar diminuir os exageros em todos os âmbitos.

Você está pronta para isso?

O que significa Minimalismo 360°

Para conseguir apresentar minhas propostas de minimalismo em todos os âmbitos da vida no curso que criei para a Worldpackers Academy, adotei o termo Minimalismo 360°.

Nesse curso online eu convido o viajante a entender minimalismo como uma filosofia de vida que visa viver reconhecendo o que é suficiente

Entendo que minimalismo não é sobre ter pouco, mas ter o necessário. Por isso não existe uma "receita para o estilo de vida minimalista", do tipo: tenha 4 camisetas, 2 camisas, 1 par de tênis… Não! Isso não existe, justamente porque cada indivíduo sabe o que é suficiente para si.

Meu conceito de minimalismo 360° te convida a refletir sobre quem você é como indivíduo, analisando seus pertences e seu estilo de vida. A ideia é levar você em uma jornada de autoconhecimento para que reconheça o quê e quem deve permanecer na sua vida e o que deve ser deixado para trás.

Para compreender todo o conceito e entender como colocar em prática o minimalismo emocional e mental e saber como iniciar de fato essa jornada minimalista, sugiro que você faça o curso Jornada do Minimalismo  360° GRATUITAMENTE aqui no site da Worldpackers. São 7 aulas bem objetivas que vão te ensinar muito e te ajudar a mudar seu estilo de vida.

O curso tem duração de 28 minutos, ou seja, em menos de meia hora você poderá dar o primeiro passo para essa transformação de vida. Esse vídeo acima é a primeira aula, que estou compartilhando para te inspirar.

Como fazer uma viagem minimalista 



Como mulher nômade que tem viagem como estilo de vida, não poderia deixar de falar sobre viagem minimalista. Mas se engana quem pensa que isso se limita a uma bagagem leve e pequena.

Uma viagem minimalista se trata de viajar mais leve e consciente em vários âmbitos, afinal, viagem é o que a gente leva, mas é também o que a gente traz. É como a gente experimenta cada lugar e o que a gente deixa por lá, o que se aprende e o que se ensina!

Se você busca fazer uma viagem minimalista, vou te dar 7 dicas preciosas.

1. Ter uma mochila ou mala de viagem minimalista

Viajar leve é uma prática minimalista literalmente, né? Você leva na bagagem apenas aquilo que realmente importa para o tipo de viagem que vai fazer!

Fala a verdade: quantas vezes você voltou de uma viagem com roupas totalmente intactas na mala ou mochila?

Se você quer adotar minimalismo como estilo de vida verdadeiramente, vai precisar parar de encarar viagem como uma ferramenta de atualizar fotos do feed do Instagram. Nada contra, viu? Eu mesma posto várias fotos minhas no Instagram (amo, inclusive), mas jamais vou carregar mais que o necessário só para sair bem nas fotos.

Prefiro ter estratégia e montar uma mala minimalista com peças que combinem entre si e que possam ser usadas em várias ocasiões. Durante meu último mochilão pela América do Sul, comprei um shorts em uma feira de usados no Peru por R$2 e usei a peça na balada, como saída de praia, na trilha e para vender geladinho na praia - inclusive estou usando o mesmo shorts na foto que encabeça este artigo.

Minha dica para que você possa ter uma mala ou mochila minimalista é pensar em roupas inteligentes e funcionais, especialmente se você é do tipo que faz viagens cheias de atividades outdoor.

Existem camisetas ultraleves, calças que se transformam em bermudas, casacos 3 em 1 e muitas outras peças e itens multiuso, como descrevi no meu blog UMASULAMERICANA em um artigo completo com dicas para viajar com uma bagagem de apenas 10 kg.

Na hora de montar a mochila ou a mala se pergunte: eu vou realmente usar essa roupa ou ela é apenas instagramável? Ela é funcional ou é pesada? Demora para secar e é volumosa?

Escolha peças básicas, que combinem entre si! E, caso realmente goste de fazer umas fotos caprichadas durante a viagem, como eu, aposte em acessórios, cores marcantes e não se importe em aparecer nas fotos com a mesma roupa. Se lembre que viagens se tratam, afinal, de experiências transformadoras, não de um desfile de moda!

Ter a bagagem leve combina com o movimento minimalista, porque respeita a liberdade, já que você vai ter mais mobilidade ao carregar suas coisas, e respeita a qualidade de vida, já que você não precisa detonar as costas carregando 15kg para uma viagem de duas semanas. 

Além da economia, né? Porque com uma mala minimalista, leve e pequena você não precisa se preocupar em pagar taxas para despachar nada.



2. Viajar de modo econômico

Economizar na viagem não é só uma questão de ter pouco dinheiro, mas também uma questão de minimalismo.

Refletir sobre o consumismo, como a Jéssica nos convidou em seu texto para o blog da Worldpackers com dicas de economia pessoal para uma viagem consciente, é um ato de autoconhecimento. Ao viajar não seria diferente, certo?

Economizar durante a viagem, mesmo que você disponha de dinheiro, te ajuda a focar mais no que é realmente importante. Você investe em passeios e atividades que realmente fazem sentido para você, e não para cumprir checklists.

Ao decidir o que gastar com mais consciência, você se pergunta do que realmente gosta e acaba experimentando a viagem com mais qualidade e mais personalidade.

Além disso, você usa seu dinheiro de forma mais inteligente e evita aquelas crises de ansiedade que dão quando a gente gasta por impulso.

Em vez de comprar aquela bolsa aleatória numa loja qualquer, você vai preferir conhecer aquela ruína arqueológica que nem sabia que existia ou escolher uma bolsa artesanal em uma feira local, bem mais em conta e original.

Já imaginou fazer uma viagem incrível, cheia de conexão consigo e ainda voltar pra casa com grana?

3. Ter tempo para uma imersão cultural


Fazendo amigas pelas ruas não turísticas do Vale Sagrado de Cusco - elas que pediram a foto

Economizar na viagem nos leva à terceira dica: ter tempo para viver uma imersão cultural. Porque em vez de fazer aquele passeio meio duvidoso, mas que "todo mundo" diz que é imperdível, você fica à toa andando pelo centro da cidade ou vai conhecer aquele parque que um morador local te recomendou, por exemplo.

Viajar minimalista é também valorizar o tempo em cada lugar por onde passa. Não precisa encher os dias com passeios e atividades. Ter tempo livre para que a vida aconteça por si mesma é uma maneira minimalista de viajar.

Luísa, do blog Janelas Abertas, nos aconselha em seu livro ‘Guia de viagens pra dentro e pra fora’, cuja leitura recomendo demais, a fazer dos nossos planos de viagem um guia, e não uma prisão. Ela diz “...um roteiro muito rígido e lotado não deixa tempo para curtir cada lugar com calma, nem acomoda inevitáveis imprevistos - que podem ser a melhor parte da viagem”.

Por exemplo, em 2017 eu estive no Peru em uma viagem sozinha. Corri que nem uma doida de uma cidade para outra. Foram 6 destinos em apenas 17 dias! Já em 2019 passei três meses em Cusco voluntariando pela Worldpackers e pude, de verdade, conhecer a cidade e viver uma imersão cultural.

Tive liberdade e tempo para ver as crianças irem para escola e reparar no uniforme delas. Andei de lotação e vi os cobradores gritando para as pessoas na rua a fim de conseguir novos passageiros. Conheci as feiras de usados e vi a vida de sábado acontecer longe dos olhos dos turistas. Conheci ruínas e fiz atividades que nunca estão nas listas de "lugares para conhecer" na cidade.

Através desse voluntariado eu pude viver três meses de imersão cultural, me conectando de uma maneira diferente com o Peru e os peruanos, além de perceber o turismo com outros olhos e a dar valor às pequenas coisas, como admirar a paisagem e sentir o vento e o cheiro da natureza! Essas lembranças não têm preço.

O voluntariado é uma ótima ferramenta para que você possa fazer viagens mais minimalistas em vários sentidos, seja para economizar, para viajar mais devagar ou para se relacionar com as pessoas locais.

Através dos voluntariados oferecidos na Worldpackers eu pude entender que destinos são lares. Existe vida além do turismo, como também notei ao voluntariar em Valparaíso, no Chile; em Salta, na Argentina; e em Ubatuba, no Brasil.

4. Evitar desperdício e descarte



Outra dica para fazer uma viagem minimalista é evitar desperdício e descarte.

O movimento minimalista valoriza o meio ambiente e rejeita os excessos, lembra? Então, como alguém que quer ter minimalismo como estilo de vida, quando for fazer uma viagem, se preocupe com o desperdício.

Por que demorar no banho em um país como a Bolívia, onde a água já foi (e ainda é em algumas regiões) razão de conflito? E encher o prato com mais comida do que aguenta comer só porque está barata? Ou passar horas na cama do hotel com o ar condicionado ligado, argumentando que "Tô pagando!”?

Evitar desperdiçar os recursos naturais de um destino é ir além do viajar minimalista. É o mínimo que faz um viajante sensato, empático e consciente.

Outra coisa que um turista minimalista faz é se preocupar com o lixo que está produzindo durante a viagem. A gente visita um lugar e vai embora, mas deixamos muitas coisas, inclusive resíduos.

Ao fazer uma viagem minimalista, a gente consome produtos com menos embalagens e evita usar sacola plástica, canudo, copos descartáveis. Eu levo comigo meu próprio canudo, copo, potinho, talheres e uso minha mochila para evitar gerar lixo por onde passo! Minimalismo é ter com qualidade!

Por exemplo, o Peru recebeu em 2019 quase 1 milhão e meio de turistas estrangeiros. Imagina toda essa gente usando garrafinha plástica, copo descartável e absorvente durante a viagem pelo país. Isso é mais do que a população da Estônia!

É urgente pensar em nossos impactos como viajantes. Em um outro artigo no UMASULAMERICANA escrevi sobre 9 ideias de fazer um novo turismo. E no livro "Guia de viagens pra dentro e pra fora", que mencionei acima, há mais um monte de ideias de como ir além de uma viagem minimalista e viajar de forma responsável.

5. Contribuir com a comunidade local


Voluntariado em Ubatuba em ONG para cachorros

A quinta dica é para que você contribua com a comunidade do destino visitado na viagem! E o que isso tem a ver com minimalismo, Aline?

Bom, um dos pilares do minimalismo é valorizar as relações. E quando a gente está viajando, é muito importante criar relações com o lugar; não passar por ele apenas para consumir e ir embora.

Mas como contribuir com a comunidade?

Em Ubatuba, litoral de São Paulo, eu voluntariei em uma ONG para cachorros através da Worldpackers. Minha colaboração durou 5 semanas, e além da imersão cultural, eu pude contribuir em uma questão problemática da cidade, que possui muitos cães abandonados. Você pode procurar vivenciar algo assim nos destinos que deseja conhecer.

Na Worldpackers existe um filtro onde você consegue aplicar para vagas de voluntariados ecológicos ou sociais. Existem ONGs para animais, outras focadas em limpeza de rios e recuperação de áreas desmatadas e outras que visam melhorar a vida das pessoas locais.

Além disso, há escolas, comunidades, granjas e vários outros tipos de projetos que vão te levar a uma viagem minimalista, focada em VIVENCIAR e não em CONSUMIR.

Outra maneira de colaborar com os locais é que, quando for consumir, prefira pequenos comerciantes e produtores, artesãos e negócios locais, seja na hora de comer, de comprar souvenires ou até mesmo de se hospedar.

Ao realizar turismo de base comunitária, por exemplo, você investe na comunidade e não apenas na sua viagem. E assim ajuda a economia a girar entre as pessoas com menos acesso e que muitas vezes vivem em situação de vulnerabilidade.

Outra forma de colaborar é ouvir e dar ideias! Ajudar um artesão a criar uma página no Instagram. Ensinar um comerciante sobre exposição de mercadorias. Enfim: dar dicas de algo que você saiba, como forma de ajudar no crescimento dos moradores do lugar.

Viu só como ter um estilo de vida minimalista vai muito além de consumo e pertences?

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6. Se desligar da internet

Como menciono no curso Jornada do Minimalismo 360°, é importante ter minimalismo mental. Ao fazer uma viagem minimalista, vale muito a pena se desligar um pouco da internet.

Se desconectar te ajuda a viver com mais profundidade toda a experiência que se propôs viver durante a viagem. Você prova a comida local com mais presença e pode observar a paisagem com mais atenção, além de ter a mente livre para ouvir as pessoas locais com mais interesse.

Tire uns dias para não olhar o noticiário. Viva o momento e valorize a sua liberdade!

Se quiser, separe um período do dia para postar as fotos, subir os stories da viagem e responder às mensagens de amigos e familiares. Se desligue do trabalho, da faculdade e das obrigações do dia a dia. Viva o momento e valorize seu tempo!

A internet é um meio incrível de conexão e compartilhamento, mas a pessoa minimalista busca justamente se afastar da sociedade dos exageros. Tenha mais controle do tempo que passa com os olhos no celular e veja as belezas reais que estão à sua volta durante uma viagem!

7. Cuidar ao trazer lembrancinhas

Minha última dica de viagem minimalista é para que você selecione bem as lembrancinhas que vai levar para casa depois da viagem. Por vários motivos:

  1. Lembrancinhas custam baratinho, mas acaba-se gastando bastante no final das contas! Um dinheiro muitas vezes que poderia ser investido em experiências.
  2. No fundo, quase ninguém usa os suvenires que ganha e eles acabam virando lixo, gerando resíduo no planeta.
  3. Acaba-se perdendo muito tempo procurando a melhor lembrancinha para cada pessoa. Tempo esse que pode ser investido em outras coisas mais importantes.

A intenção é boa, mas levar souvenires de viagem é um costume, não é necessário. Todo costume deve ser questionado, refletido e desconstruído.

Se depois de pensar bem a respeito você decidir que algumas pessoas vão, sim, receber um presente, escolha bem e use a criatividade.

Na minha opinião, comidas e bebidas acabam sendo uma boa opção, porque não geram tanto resíduo, dependendo da embalagem, e todo mundo gosta! Não tem risco de não fazer o estilo de alguém. Além disso, essa é uma ótima maneira de levar um pouco da experiência da viagem para alguém importante para você.

E não se esqueça de preferir sempre produtos locais e artesanais!



Pronta para ter minimalismo como estilo de vida e de viagem?

Essas orientações vão te ajudar a ter um estilo de vida minimalista de verdade, além de ser uma viajante mais leve, econômica e empática e que busca viajar de maneira mais imersiva.

Você vai valorizar seu tempo, seu dinheiro, sua liberdade, as experiências e as relações, deixando de lado o turismo superficial e corrido.

E mais que viajar minimalista, viver com minimalismo é uma libertação. Com certeza você vai se agradecer por ter dado esse passo tão importante para mudar seu estilo de vida!

Se quiser conversar sobre o tema, mande uma mensagem lá no meu Instagram @umasulamericana. E não deixe de seguir as redes sociais da Worldpackers para conferir mais conteúdos como este: estamos no Instagram, no Tiktok e no YouTube!



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