Descobrindo uma Tanzânia muito além do turismo

Com uma rotina intensa no centro, foi nos vilarejos que descobri que Arusha, na Tanzânia, guarda a real vida Africana.

Lisiane

Feb 23, 2023

4min

Dalla Dalla, transporte público na Tanzânia

Localizada ao Norte da Tanzânia, Arusha é uma cidade de porte médio do país. Rodeada de vilarejos, savana, pelo monte Meru e o imponente Kilimanjaro, motivos pelos quais muitos turistas visitam o local, que tem até o Kilimanjaro Airoport para facilitar as viagens.

Com um clima tropical parecido com o Brasil, o país é uma caixinha de surpresas que estou tendo o prazer de descobrir no meu voluntariado. Vale a pena explorar os pontos turísticos e principalmente as vilas, onde é possível ter noção da real rotina Africana.

1. Dia a dia na Tanzânia

Ao visitar o centro da cidade encontrei um trânsito caótico, mas quem mora aqui sabe tirar de letra e por isso não há muitos acidentes. Com dois dias circulando na cidade logo essa rotina virou algo familiar, assim como o intenso fluxo nas avenidas principais, as várias feiras de verduras e frutas espalhadas pelas ruas e até mesmo o esgoto a céu aberto, os olhares curiosos e a simpatia dos tanzanianos.

2. Savana

Com diversos hotéis na cidade e cabanas dentro dos safáris, a cidade é um destino estratégico para turistas.

Arusha tem vários parques nos melhores pontos da savana. Considerados também os mais caros dessa região na África. Em todos você deve pagar a entrada em dólar, o mais barato custa 50 USD, mais o valor no carro 4×4 que geralmente é locado por grupo. Um passeio pode chegar a 150 USD por pessoa.

Os safáris mais procurados são Serengeti e Ngorongoro. O último fica em uma cratera vulcânica, a única no mundo que tem fauna e flora. São vários os animais que se vê nesse que é um dos parques mais bonitos da Tanzânia. Vale muito a pena espremer o orçamento e conferir.

Savana da Tanzânia atrai turistas o ano todo

3. Kilimanjaro

A cidade é parada obrigatória dos aventureiros que pretendem subir os 5.895 metros do Kilimanjaro

O vulcão inativo tem o pico congelado, em dias de céu limpo e sem muitas nuvens é possível vê-lo imponente e com neve de vários pontos da cidade.

Belo de se ver, mas perigoso para subir. É preciso ficar atento aos riscos que muitas agências e guias não avisam. Além de exigir preparo físico para evitar problemas de saúde, principalmente o mal da montanha durante os seis dias ou mais de subida, quem tem interesse deve prestar atenção às condições climáticas.

No período chuvoso - maio a julho- há muitos deslizamentos de terra e, com frio mais intenso em junho, pode ocorrer pequenas avalanches próximo ao pico.

Quem concluí o trajeto relata que é incrível e a energia lá em cima é surreal.

4. Muzungo

Na Tanzânia o branco é chamado de Muzungo, que quer dizer branco em Suaíle, língua local. Quando o branco anda pelas ruas ou parques é possível ouvir várias vezes "Karibo Muzungo", quer dizer bem-vindo branco. Branco não é só quem tem a pele clara, eles tiram as conclusões também pelo tipo de cabelo.

Os africanos geralmente são simpáticos e atenciosos, ajudam com informações e são receptivos, principalmente com os voluntários, mas quando se trata de relações de consumo fique atento, pois para Muzungo tudo é mais caro. 

Ao comprar algo na rua e que não tenha preço tabelado, é preciso pechinchar, usar aquele infalível jeitinho brasileiro para não gastar xelins tanzanianos a mais.

Monte Kilimanjaro

5. Dalla-dalla

Uma espécie de minivan, o dalla-dalla é o transporte público de Arusha, também encontrado em países com o Kenya, onde é chamado de matatu.

Os preços são tabelados, mas por ser turista, branco e não falar a língua deles, a pessoa sem saber, pode pagar o dobro ou mais por um trajeto. Mesmo tendo os pontos de parada certos, se houver gente no caminho querendo entrar, eles vão parando, por isso paciência.

Com capacidade para cerca de 14 pessoas sentadas e apertadas, enquanto tiver lugar para pôr o pé, o cobrador do dalla está pegando passageiros. Parece um caos mais é divertido.

6. Gastronomia

Com muitos restaurantes principalmente nos hotéis, mesmo quem não é hóspede pode desfrutar dos cardápios. A maioria tem sugestões de comidas indianas, árabes, opções veganas, pastas e pizzas, por exemplo.

Já nas barracas que vendem comidas espalhadas pelo centro e nas vilas, a alimentação é a tradicional Africana. A dieta deles é pobre em nutrientes por não terem uma variedade de grãos, vegetais e frutas incluídas na rotina.

Geralmente eles comem durante a semana uma única preparação no café, que é o Uji, uma espécie de mingau ou chá. O Makande é preparado geralmente para o almoço, feito com feijão e milho branco cozidos juntos. No jantar o Ugali, que é uma massa de farinha cozida com água e sem sal, é servido com um cozido com batatas, quiabo, jiló, cenoura, berinjela e peixinho minúsculo frito ou repolho refogado com cenoura e cebola.

A carne não faz parte da rotina Africana por causa do alto valor. Algumas famílias preparam esse tipo de proteína só uma vez por semana.

Para voluntários que atuam e moram em projetos existentes dentro das vilas, o ideal é completar a alimentação comprando frutas, verduras, folhas escuras e grãos variados.




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