Como foi meu voluntariado em Florianópolis, a Ilha da Magia

Uma das principais dúvidas antes de entrar para a Worldpackers era saber os detalhes de uma experiência de troca. Nesse texto, compartilho os detalhes do que vivi trabalhando por três semanas em um hostel de Florianópolis, além de algumas dicas para você se dar bem na sua próxima experiência.

Bruna

Fev 22, 2024

8min

Relato de voluntariado em Florianópolis

Uma das vantagens de trocar trabalho por hospedagem é a oportunidade de morar em lugares incríveis. Foi no hostel Lagoa Nômade que tive minha segunda experiência como worldpacker no Brasil. Com uma excelente localização, o hostel encontra-se na beira da Lagoa da Conceição, uma das regiões mais badaladas de Florianópolis, que também conhecida como a "Ilha da Magia".

O hostel fica muito próximo da Rua das Rendeiras e também do centrinho da Lagoa, onde você encontra várias opções gastronômicas, bares e supermercados, além de ter fácil acesso à Praia do Mole e à Praia da Joaquina. Opção do que fazer em Florianópolis não faltam, mas você corre o risco de querer ficar lá dentro o tempo inteiro, admirando a vista privilegiada do jardim.

Nesse texto, compartilho como era o ambiente em que fiz a troca, detalhes do trabalho, os benefícios como voluntária e também algumas dicas para você tirar o melhor dessa experiência!

Ah! E já que você vai ter uma experiência inesquecível por lá, que tal aproveitar para prolongar sua viagem para a Praia do Rosa e por Balneário Camboriú

1. O ambiente

Antes de abrir as portas, em 2018, o Lagoa Nômade era a casa dos pais do anfitrião, o Leonardo. A partir da ideia de um amigo, o ambiente foi reformado e transformado nesse lindo hostel, com capacidade para receber até 38 pessoas. Entre as várias comodidades da casa, há um jardim com deck para a lagoa, um lounge para uso comum e um bar.

Além dos dormitórios compartilhados, há suítes para casal e também a possibilidade de receber eventos. Enquanto eu estava lá, rolou uma festa com drinks no jardim!


Deck do hostel

2. O trabalho dos voluntários

Antes de aceitar qualquer proposta de um anfitrião, certifique-se de que você está de acordo com a carga horária estipulada e com as tarefas a serem executadas. Entender também o seu papel como voluntário é fundamental, cumprindo as tarefas que foram previamente combinadas. Mesmo sendo um voluntariado, é um trabalho sério, mas também uma experiência de muita troca e aprendizado.

Além de mim, havia mais quatro voluntários atuando na casa, o que tornava o trabalho tranquilo. Em grupo, fazíamos uma escala de horários que funcionasse para todo mundo, considerando as necessidades de cada um.

As coisas funcionavam com muita flexibilidade: se alguém tinha algum compromisso externo, como um curso ou evento, era possível trocar de turno com algum colega ou combinar previamente com o anfitrião para compensar as horas depois, se necessário.

Nos revezávamos para dar conta das três principais tarefas da casa: recepção, preparar o café da manhã e trabalhar no bar. A limpeza era executada por uma profissional contratada, que trabalhava seis dias na semana. Mesmo assim, era nosso dever manter a casa organizada e limpa.

A carga horária de cada voluntário era de 24 horas por semana, divididas ao longo de seis dias, com um dia inteiro de folga para cada um. Entre a execução das tarefas, tínhamos a oportunidade de interagir com os hóspedes durante a sua estadia.

Preparando o café da manhã

O café da manhã era oferecido aos hóspedes entre 08 e 10h, e a tarefa de prepará-lo era designada a um dos voluntários (se a casa estivesse cheia, a dois). A maior parte das compras era feita pelos próprios anfitriões, a não ser pelo pão do dia.

Os preparativos começavam às sete da manhã, com uma ida ao supermercado da esquina para comprar a primeira fornada de pães quentinhos. Depois disso, era necessário organizar os itens na bancada – café da manhã era modo self-service, então todos os alimentos ficavam dispostos no balcão principal para que as pessoas chegassem e fossem se servindo.

Era necessário passar o café, aquecer o leite, cortar as frutas e o bolo, organizar os pães dentro dos cestinhos e se certificar de que a louça estivesse limpa e disposta para as pessoas se servirem.

Além de organizar tudo, o voluntário era responsável por ficar ligado no consumo e repor alimentos que acabassem, lavar a louça dos hóspedes e organizar a cozinha ao final do café da manhã.

Era opcional o momento de fazer uma pausa para tomar o café da manhã, eu geralmente fazia quando não tinha muito movimento de hóspedes ou ao final de todas as tarefas, para poder sentar com calma e apreciar a vista. Uma recompensa depois de lavar tanta louça!

Essa foi a tarefa que mais gostei de executar, pois eu trabalhava com vista para a lagoa, curtindo um som. Além disso, era uma boa oportunidade de interagir com os hóspedes e também com os colegas de trabalho, pois o ambiente proporciona uma atmosfera agradável, que deixava as pessoas super à vontade.


Café da manhã

Recepção

O trabalho na recepção consistia em atender aos hóspedes, executando check-ins e check-outs, atender o telefone e fazer reservas. Essa era a tarefa que mais demandava atenção, pois tínhamos que receber pagamentos, abrir e fechar o caixa, imputar os dados no sistema, passar as informações para os hóspedes e não deixá-los esperando muito tempo enquanto tudo isso acontecia!

Esse é o momento em que algo imprevisível pode acontecer, como, por exemplo, chegar um hóspede que não tem reserva ou você ter que atender várias pessoas ao mesmo tempo. Ou ter que resolver uma situação com alguém que fala um idioma que você não manja muito bem. É fácil se perder no início, mas depois de fazer alguns atendimentos, você fica craque.

É uma excelente oportunidade de desenvolver a comunicação, tanto com o público quanto com a equipe envolvida. Trabalhando na recepção você acaba conhecendo todo mundo que está hospedado!

Bar

Quem trabalhava no bar era responsável por gerenciar o consumo de bebidas e também de preparar caipirinhas e outros drinks oferecidos pela casa. Todo consumo era anotado em um caderninho de registro que era consultado no momento do check-out.

Em um dos finais de semana, recebemos 28 intercambistas, que negociaram uma rodada de caipirinhas. Todos os voluntários trabalharam no bar nessa noite e fizemos uma produção em série de bebidas. Foi muito divertido! No fim da noite, eu havia aprendido a fazer caipirinhas ótimas, além de ter tido conversas com pessoas de lugares distantes como Malta e Polônia.


Bar do hostel

3. Os benefícios

Como voluntária, eu tinha direito a uma cama em um quarto compartilhado da equipe, dividindo-o com outras duas meninas que também faziam voluntariado no hostel. Cada uma tinha um armário com cadeado para guardar os seus pertences, também tínhamos uma arara para pendurar roupas em cabides.

Podíamos utilizar as áreas comuns, a máquina de lavar, a secadora, o Wi-Fi e ainda tínhamos direito ao café da manhã delicioso de todos os dias! A cozinha não era compartilhada, sendo de uso exclusivo para preparar o café da manhã dos hóspedes, preparar drinks à noite e para uso da equipe.

Cozinhar é importante para mim e esse foi um hábito que pude manter nessa experiência, pois preparava todas as minhas refeições. Tinha acesso a panelas, liquidificador e microondas. Como funciona em todos os hostels, cada um é responsável por limpar aquilo que utiliza. É simples: usou, limpou, guardou.

Além dos benefícios práticos, combinados com o anfitrião, você também irá tirar proveito do que a cidade oferece. Florianópolis é um dos lugares mais bonitos do Brasil e proporciona infinitas opções de ecoturismo. A atividade que eu mais gostava de fazer no meu tempo livre eram trilhas na natureza. Ficou a vontade de voltar para lá e conhecer todas elas!

Se você também curte praias, dá uma olhada nesse guia com as melhores praias para conhecer em Florianópolis.

Estar exposto a diferentes idiomas também é uma vantagem para quem mora em Floripa. A ilha possui um fluxo grande de turistas durante o ano inteiro, além dos estrangeiros que se apaixonaram por aqui e decidiram fixar residência.

Morando em um hostel, você vai entrar em contato com diferentes línguas e culturas. É uma boa oportunidade de praticar tanto o inglês quanto o espanhol sem sair do Brasil.

4. Dicas para tirar o melhor da sua experiência


voluntários aproveitando vista da Lagoa

Agora, algumas dicas para você aproveitar ao máximo sua próxima experiência trocando trabalho por hospedagem!

1. Tire vantagem das suas habilidades

Na minha experiência no Lagoa Nômade tive espaço para contribuir com tarefas criativas e coloquei em prática meus conhecimentos de design. Enquanto ficava na recepção, e o movimento era tranquilo, aproveitava para fazer alguns materiais informativos para o hostel, com o objetivo de melhorar a comunicação interna e organização.

Você é músico? Sabe pintar? É expert em consertar coisas? Essa é a oportunidade de colocar as suas habilidades no mundo, além de deixar a sua marca no lugar. É legal olhar para trás e ver que você contribuiu com algo positivo.

2. Respeite o espaço dos outros

Faz parte da experiência como voluntário dormir em quarto compartilhado, por isso é crucial respeitar o espaço pessoal dos outros. Procure manter os seus pertences organizados dentro da sua mochila e armário, evite deixar suas coisas jogadas por aí.

Mesmo trabalhando no mesmo lugar, os voluntários desempenham diferentes atividades que não acontecem no mesmo horário. Você pode ter um colega de quarto que trabalha no turno da noite e precisa descansar durante o dia, por exemplo. Por isso, é importante ficar atento a ruídos desnecessários, pois pode ser o momento de descanso do outro.

3. Aproveite o que o lugar te proporciona

Tenha em mente que a maioria dos lugares por onde você está passando é transitório. Você dificilmente voltará a um mesmo destino. Por isso, aproveite ao máximo as experiências e companhias que aquele lugar te oferece!

Faça trilhas, visite museus, vá conhecer a atração principal da cidade. Se alguém te convidou para um programa de última hora, aproveite! É no inesperado que coisas incríveis acontecem.

Leia também: As melhores trilhas para fazer em Florianópolis

4. Tenha momentos só seus

Os momentos mais legais de uma viagem geralmente acontecem rodeado de pessoas. É através de trocas e relacionamentos que descobrimos coisas sobre nós mesmos, que somos desafiados e que evoluímos.

No entanto, também é importante passar um tempo consigo mesmo, para absorver todas coisas novas que você está vivendo. Você pode criar esses momentos em uma caminhada longa pela região, ao ler um livro no parque ou dar uma volta de bicicleta para espairecer.

Eu gosto de levar um caderninho comigo para todos os lados, onde faço anotações de sensações, dúvidas, objetivos e pensamentos aleatórios. Tudo isso vira um registro importante do que os lugares por onde passamos despertam na gente e os aprendizados que tivemos com isso.

5. Seja gentil

Quando convivemos com pessoas de diferentes criações, culturas e crenças, somos naturalmente desafiados. Por isso, é importante manter uma atitude positiva e empática. Você vai encontrar pessoas no seu caminho que você desconhece o passado e as dificuldades que ela enfrenta, por isso, seja gentil.

As pessoas no seu caminho também estão sendo desafiadas ao aprender novos idiomas, lidar com o choque cultural, desenvolver novas habilidades. Treine a paciência e a tolerância e passe isso adiante.

Essa energia vai se propagando de viajante para viajante e ajuda a criar uma atmosfera positiva pelos ambientes em que você passa.

Qualquer outra dúvida sobre meu voluntariado, é só deixar um comentário ou me mandar uma mensagem! Viaje pelas paisagens catarinenses com a Worldpackers, leia: 




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