Como criei coragem para viajar de bike na Rota do Sol - RN

Paisagens exuberantes em um domingo ensolarado: a combinação perfeita para que eu enfrentasse meus medos em uma viagem de bike pelo litoral sul do Rio Grande do Norte.

Luan

Mar 28, 2021

8min

viajar de bike rota do sol

Faz um ano que eu estou fazendo voluntariado sozinho. Viajando apenas de ônibus, passei por 12 estados e quase 20 cidades brasileiras. Mesmo assim, eu me sinto fraco e medroso muitas vezes. A baixa autoestima é uma coisa que vem, simplesmente vem. 

Mas algumas experiências me trazem autoconfiança. Nessa vida de mochileiro e voluntário, eu percebo meu potencial em situações corriqueiras. Um simples passeio de bike, por exemplo, se tornou um momento emblemático.

Antes de tudo, devo confessar que eu sou uma catástrofe como ciclista. Não entendo de bicicletas e minha coordenação motora deixa muito a desejar. Para minha segurança e bem-estar de outras pessoas, sempre evitei pedalar em lugares movimentados.

Durante minha viagem por Natal, no entanto, resolvi fazer algo diferente. Criei um roteiro, preparei a bike e encarei minha baixa autoestima. Eu queria mostrar pra mim mesmo que não tinha razão para ter medo. Afinal, era só um passeio...

Meu itinerário para viajar de bike pela Rota do Sol - RN

O litoral sul do Rio Grande do Norte deixa qualquer pessoa deslumbrada. As praias de areia branca, o azul marcante das águas, rochas e falésias criam cenários paradisíacos, como a exuberante Praia de Pipa.

Tanta beleza me encorajou a enfrentar os 30 km de estrada, ida e volta, que separam a Praia de Ponta Negra do Cajueiro de Pirangi, o maior e mais exuberante cajueiro do mundo. O trajeto é longo, mas cada paisagem pelo caminho faz o esforço valer à pena.

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Meu passeio de bike pelo litoral sul do Rio Grande do Norte aconteceu num domingo ensolarado. Haviam muitos ciclistas fazendo um percurso semelhante ao meu. 

Sentir-se acompanhado é muito bom, mas a quantidade de carros na estrada pode gerar certo amedrontamento. Para fazer o passeio de bike com menos automóveis, sugiro que escolha um dia da semana. As praias também estarão menos movimentadas.

Então, vamos lá! Vou contar para você como foi essa aventura de bike pelas praias potiguares. Leia até o final para conhecer o restaurante maravilhoso onde finalizei meu passeio.

Partida na Rota do Sol: Praia de Ponta Negra

Com minha bike e uma mochila, deixei a guest house Una Casa às 8h30 da manhã. Tomei um reforçado café da manhã e me besuntei de protetor solar. O anfitrião está localizado no bairro de Ponta Negra, bem próximo à praia. 

Logo no começo do caminho, pela Avenida Engenheiro Roberto Freire, é possível enxergar o Morro do Careca, o principal cartão postal da Praia de Ponta Negra. Se você ainda não o conhece, vale à pena acessar uma das ruas que levam à orla para curtir a paisagem. Na região, existem opções de lanches e cafés da manhã.


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Voltando à Avenida Engenheiro Roberto Freire, basta seguir em frente até chegar a uma rotatória. Mantenha-se sempre à direita para acessar a Av. Deputado Antônio Florêncio de Queiroz. Neste momento, você já estará pedalando na famosa Rota do Sol, que liga a cidade de Natal aos destinos do litoral sul do Rio Grande do Norte.

Faltam quase 10 km para você chegar à sua primeira parada. Continue pedalando pela Rota do Sol. Em certo momento, você encontrará uma ciclofaixa muito bem sinalizada. Mais a frente, passará pelo Centro de Cultura Espacial e Informações Turísticas. Pessoas gostam de tirar fotos do avião de caça e foguete que ficam bem na entrada do CCEIT.

Primeira parada da Rota do Sol: Praia de Cotovelo

Quando chegar a uma bifurcação, significa que você está em Pium, lugarejo que pertence ao município de Parnamirim. Neste momento você pode escolher se manter à direita, na Avenida Joaquim Patrício, ou mudar para a esquerda, seguindo pela Avenida Edgardo Medeiros. Caso mude, você estará na contramão, mas também na avenida paralela à praia.

Um posto de gasolina marca o reencontro das duas avenidas. Neste momento, na Av. Edgardo Medeiros, acesse a primeira rua à esquerda. Logo em seguida você já consegue avistar o mar.

A Praia de Cotovelo é um espetáculo. As pedras e coqueiros formam um visual incrível. Neste ponto você terá uma boa noção de toda extensão da praia até avistar as falésias ao longe. Sugiro deixar a bike por alguns minutos e aproveitar a quietude para dar um mergulho no mar.

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Depois de contemplar e curtir um delicioso banho salgado, você merece ver a falésias de perto. Se a maré estiver alta, é mais seguro voltar para a rodovia Rota do Sol e seguir na mesma direção de antes. Mas se a maré estiver baixa, é possível ir caminhando ou até mesmo pedalando pela areia.

Segunda parada: Falésias da Praia de Cotovelo

Essa é a parte mais movimentada da praia. E talvez a mais bonita. Os bares, restaurantes e sombreiros costumam ficar cheios de turistas e potiguares aos fins de semana. Ainda assim é um lugar agradável para quem gosta de ambientes sossegados, pois a praia é grande o suficiente para formar uns espaços mais vazios.

Descendo em direção às falésias, encontramos muitas rochas pelo caminho. A vista é maravilhosa. Dá vontade de sentar e apenas contemplar. O banho de mar é tranquilo pois as ondas são bloqueadas pelos paredões. Então é só deixar a bike num cantinho estratégico e aproveitar essa beleza do litoral sul do Rio Grande do Norte.


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Nesse momento eu já me sentia muito orgulhoso de ter feito algo que acreditava ser impossível. Pode parecer bobo, mas eu realmente estava quebrando um paradigma. Eu achava que pedalar por tantos quilômetros, ainda mais sem conhecer o lugar, era totalmente improvável para mim. Por isso eu estava amando aquele passeio.

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Terceira parada: Praia de Pirangi do Norte

Com sua bike, volte para a Rota do Sol e siga na mesma direção. Em pouco tempo você chegará a outra bifurcação. Se permanecer na contramão não for um problema, mantenha-se na mesma pista, pois isso facilita o acesso às praias. 

É importante não esquecer sua garrafinha de água. A rodovia tem momentos de subida que podem ser bastante cansativos. Você vai sentir muita sede.

Quando passar pelo Condomínio Residencial Porto Brasil Resort, prepare-se para acessar a rua Floriano Cavalcante de Albuquerque. Ela é a primeira rua que dá acesso a Praia de Pirangi do Norte. Virando à esquerda nesta rua, siga sobre os ladrilhos até avistar o mar.

Mais um lugar extraordinário. Essa parte da praia é muito calma, as águas do mar são bem azuis e as ondas não assustam. Eu consegui pedalar na areia tranquilamente, apenas desviando de algumas rochas que estão pelo caminho. Mas depois deixei a bike num cantinho e fui curtir o sol dando uns belos mergulhos no mar.


viajar de bike rota do sol pirangi do norte

A praia é bem grande. Se seguir caminhando pela beira-mar, você chegará ao Píer Praia de Pirangi do Norte. É o ponto mais agitado da praia com vários restaurantes no contorno. A visão do píer é privilegiada e rende fotos maravilhosas. Se quiser mergulhar, se joga!

Agora você está a 200 metros de nossa quarta e última parada.

Quarta parada na Rota do Sol: Cajueiro de Pirangi

Voltando para a avenida, o maior cajueiro do mundo espera por você. Após poucas pedaladas você já começa a avistar os caules, ramos e folhas deste fenômeno da natureza. Na entrada, o bilhete custa 8 reais (inteira) e 4 reais (meia).

Demorei algum tempo para acreditar que tudo aquilo se tratava de apenas um cajueiro. Há quem não acredite, mas é verdade. O Cajueiro de Pirangi foi crescendo tanto que seus ramos começaram a encostar no solo, virando novos troncos e ganhando novas ramificações que viraram outros troncos. 

Trata-se de um fenômeno incomum que entrou para o Guinness Book em 1994. Somente na cidade de Cajueiro da Praia, no Piauí, existe um cajueiro semelhante em proporções. 

O mirante que permite uma visão panorâmica da árvore estava em manutenção. Mesmo assim, a visita valeu muito à pena. Assim eu fechei o meu passeio com chave de ouro!

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Parada extra da Rota do Sol: Restaurante Magias da Terra

Já passava do meio-dia e eu estava faminto. Eu sabia que no caminho de volta para Natal havia um restaurante vegano no município de Nísia Floresta. Conferi no Google Maps e percebi que seria cansativo, mas eu poderia encarar a estrada de terra até o restaurante.


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O caminho realmente não foi tão fácil. Eu já estava bem cansado e as ladeiras durante o percurso me deixaram exaustos. Eu segui a rota sugerida pelo Maps, mas não percebi que ele me levou para um zigue-zague quase sem fim. Depois de muitas esquerdas, areias e direitas, eu finalmente cheguei ao paraíso da comida vegana.

Localizado na Ecovila Pau-Brasil, o restaurante Magias da Terra é uma experiência gastronômica. O buffet livre é repleto de frutas e vegetais orgânicos, vários pratos veganos, sobremesa e bebida. São tantas opções que eu não consegui experimentar tudo. Mesmo assim, eu fiquei tão cheio após o almoço que cogitei pedir uma rede para deitar.


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Troquei a rede por um bate-papo maravilhoso com as meninas que estavam fazendo intercâmbio de trabalho na ecovila. Aliás, quem é membro verificado da Worldpackers ganha 20% de desconto, além de receber um tratamento muito acolhedor.

Depois de trocarmos figurinhas, as voluntárias me convidaram para conhecer o sistema de agrofloresta da Ecovila Pau-Brasil. Foi uma visita maravilhosa pelas composteiras, pés de moringa, bananeiras e aceroleiras, alfaces e outras hortaliças que estavam quase prontas para serem colhidas. O contato tão próximo com a natureza sempre me renova.

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Deixei o restaurante Magias da Terra muito bem alimentado, de todas as formas possíveis.

O sentimento era de vitória! Eu não tinha feito nada mirabolante, mas eu havia superado mais um medo. Minha baixa autoestima deu lugar a um sentimento muito prazeroso de realização e autoconfiança. Além de ter realizado um gratificante passeio de bike, eu tinha desfeito uma crença limitante.

Sim, eu posso pedalar se eu quiser! Essa experiência me deixou muito mais seguro. Mesmo cansado e sentindo dores na lombar, eu me sentia grato pela oportunidade.

Mas devo confessar que não levei os equipamentos de segurança necessários. Eu mesmo puxei minha orelha e prometi que isso não voltaria a se repetir. Tá bem? Prometo!

Então, voltei pela estrada com um sorrisão e o coração cheio de gratidão. Foram os 38 km de pedalada mais interessantes da minha vida.  O litoral sul do Rio Grande do Norte me cativou. E agora só penso no próximo passeio de bike. Quer viajar pelo Nordeste também? Leia mais: 




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